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Parque da Ilha da Luz, em Cachoeiro, acumula entulho após obra paralisada

Funcionamento da centenária Fábrica de Pios ficou prejudicado pelo fechamento do espaço

Divulgação

A construção do novo Parque da Ilha da Luz, em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, foi iniciada no primeiro semestre de 2022, mas as obras foram paralisadas no mesmo ano, e assim continuam. Orçada em R$ 7 milhões, a nova área de lazer deveria estar pronta em 2023. Com o abandono do local, o entulho se acumula e a população fica impedida de utilizar o espaço. Outra prejudicada é a centenária Fábrica de Pios Maurílio Coelho, patrimônio histórico que fica na Ilha da Luz.

De acordo com Fábio Coelho, administrador da fábrica, o portão de acesso ao espaço da Ilha da Luz – consequentemente, também da empresa centenária – tem ficado fechado, apesar de seus apelos à Ouvidoria Municipal para que isso não aconteça. Na entrada do pavilhão, foi colocada uma placa de aviso indicando que o acesso é permitido apenas a pessoas autorizadas pela Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Ilha da Luz. Assim, a passagem até a fábrica fica restrita a um corredor estreito e pouco visível.

“Estão restringindo de forma inconsequente o acesso à Fábrica de Pios, e isso impacta diretamente nas vendas. O público que frequentava a empresa era mais assíduo. As pessoas acham que a Ilha está fechada e não vêm mais”, reclama.

Fábio Coelho afirma que a administração municipal realiza limpeza na Ilha da Luz quando é acionada para isso. Entretanto, a demora nas obras sem uma posição concreta sobre o andamento incomoda. Ele também opina que o tráfego de veículos pesados na região – que abriga a BRK Ambiental, concessionária dos serviços de água e esgoto de Cachoeiro – causa prejuízos aos prédios históricos.

Arquivo Pessoal

“Um outro problema que deve ser solucionado é o tráfego dos caminhões-pipa, que causam desconforto aos moradores e turistas. A movimentação constante de carros pesados em uma área turística é incompatível com o local, pois gera risco para antigas construções, devido ao peso e vibração dos caminhões. Além da água empossada, que gera lama e focos de doença. O ideal é a mudança da coleta de água para fora da Ilha, em um local que haja mais controle e condições adequadas para esse fluxo contínuo”, comenta.

Segundo informações divulgadas pela Prefeitura de Cachoeiro em seu site institucional, a empresa responsável pela construção do parque abandonou a obra inacabada, e o processo licitatório para contratação de uma nova construtora estaria sendo preparado. Enquanto a situação não se resolve, os escombros das antigas construções ficam no espaço que abrigava um pavilhão de eventos, uma escola e uma secretaria municipal.

Com área de 34 mil metros quadrados, o projeto do novo parque prevê, de acordo com a gestão do prefeito Victor Coelho (PSB), um espaço arborizado, com áreas gramadas e equipamentos de entretenimento familiar e para a prática de atividades físicas ao ar livre. Contará ainda com infraestrutura sustentável, incluindo fonte de energia fotovoltaica em parte da iluminação.

Divulgação

A construção do parque é fruto de uma contrapartida da BRK Ambiental, que assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual (MPES), devido à construção de uma Pequena Central Elétrica (PCH) para uso próprio no Rio Itapemirim.

Entretanto, dos R$ 7 milhões investidos, a BRK arcará com uma fatia menor, R$ 1,5 milhão. O restante é bancado pela própria Prefeitura de Cachoeiro, a partir de operações de crédito com o Banco do Brasil.

Em 2017, vereadores de Cachoeiro chegaram a se mostrar contrários à demolição das estruturas do pavilhão da Ilha da Luz, devido ao investimento que já tinha sido feito no espaço.

Patrimônio histórico

A Ilha da Luz recebeu essa nomeação em 1903, quando foi inaugurada a Usina da Ilha da Luz, o que tornou Cachoeiro o primeiro município do Espírito Santo a contar com luz elétrica. A obra foi coordenada por Maurílio Coelho, que no mesmo ano decidiu fundar a Fábrica de Pios de aves e uma pequena indústria de fubá.

Em 2003, quando completou 100 anos, a Fábrica de Pios foi tombada como patrimônio histórico municipal pela Lei 5.484, e a Ilha da Luz também foi reconhecida pela mesma normativa como área de preservação e patrimônio ambiental de Cachoeiro. Nas últimas décadas, além dos prédios públicos, o amplo pavilhão construído na região serviu para a realização de práticas esportivas e de lazer, bem como shows e eventos diversos.

Questionada por Século Diário sobre o andamento das obras na Ilha da Luz e a preservação do espaço, a Prefeitura de Cachoeiro não respondeu à solicitação. 

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