Durante esta madrugada, três estudantes foram presos pela Polícia Militar (PM) dentro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A acusação é de que um deles estaria pichando muros de um dos prédios, o que caracterizaria como depredação do patrimônio público. Os outros dois teriam sido levados por desacato à autoridade.
Os alunos ficaram presos no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória por algumas horas e, após assinar um termo e realizar os procedimentos de praxe do local, foram liberados. Agora, eles responderão em liberdade a uma ação penal, quando o delegado responsável enviar o processo para a Justiça.
As informações são do capitão André Moreira Lopes, comandante da 4 ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar. Segundo ele, os estudantes foram presos em flagrante. Lopes afirma que a PM foi acionada por um dos guardas patrimoniais da universidade e, ao chegar lá com as viaturas, constatou o flagrante. Após isso, os outros dois estudantes teriam tentado “salvar” o colega, o que fez com que os policiais também os levassem para a delegacia.
Um dos estudantes presos discorda da versão. Segundo ele, os policiais não disseram qual era o motivo das prisões, o que gerou a revolta. O estudante conta que eles estavam exibindo um filme e debatendo sobre o seu tema, fato corriqueiro nas noites de quinta-feira no local. A confraternização estava sendo realizada no Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), no campus de Goiabeiras da universidade.
Um vídeo feito por um dos estudantes foi postado no site Youtube ainda de madrugada, ganhando ampla divulgação nas redes sociais. Nele, os policiais entram em ação sem explicitar o real motivo das prisões, o que confirmaria a versão dos estudantes. Ele não mostra, ainda, o suposto flagrante da pichação. O capitão André Lopes argumenta que o vídeo é tendencioso e não mostra a realidade.
Uma nota pública de repúdio à ação policial foi feita por representantes das três categorias da universidade. Dentre outros pontos, argumenta que houve violação dos direitos do preso e que os policiais não apresentaram nenhum documento que justificasse ou desse legitimidade à ação. No fim, exige que as autoridades da Ufes se posicionem sobre o tema.
Universidade se manifesta
A Ufes se manifestou por meio de nota alegando que, na madrugada desta sexta-feira, por volta de 0h40, o serviço de vigilância da universidade, ao identificar a presença de um grupo de pessoas pichando paredes do prédio IC-2 do Centro de Ciências Humanas e Naturais, alguns fazendo uso de bebida alcoólica, pediu para que não prosseguissem com a depredação do patrimônio, não tendo sido atendido. Segundo o relato, eles se mostraram alterados e, diante da resistência, o fato foi comunicado ao supervisor de plantão da empresa de vigilância, que acionou a Polícia Militar.
A nota prossegue relatando que com a chegada dos policiais, alguns membros do grupo passaram a desacatá-los, tendo por este motivo, sido realizada a detenção de três integrantes, que foram encaminhados ao DPJ de Vitória.
A Ufes informa que, tendo em vista a obrigação de zelar pelo patrimônio público, este tipo de procedimento é adotado em situações em que a preservação deste patrimônio é colocada em risco ou mediante qualquer fato em que se verifique infração da lei no interior do campus.