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Por onde circula o dinheiro dos grandes donos de placas de táxi de Vitória?

Numa matemática rasteira, os 472 táxis que operam em Vitória movimentam cerca de R$ 2,8 milhões mensais em espécie – partindo da diária média de R$ 200 pagos pelo defensor ao permissionário e do fato que o mercado de táxi da capital capixaba não aceita cartão. Metade desse montante, R$ 1,4 milhão, pode circular no universo clandestino do serviço. 
 
As apurações de Século Diário sobre os indícios de fraudes em contratos de permissão de táxi de Vitória, realizadas desde o início da série de reportagens sobre o serviço, apontam que quase metade das concessões é administrada de forma ilegal, sublocação, venda de placa ou registro por “laranjas”. 
 
Por onde circula tanto dinheiro? Este é um dos grandes mistérios do mercado de táxi de Vitória. Seja por procuração, contrato verbal ou usando esposas, filhos e filhas como “laranjas”, o valor em espécie que sai do bolso do passageiro para o dos grandes gestores de placas entra em um duto misterioso que desemboca em fins ainda desconhecidos. Um mistério muito bem resguardado. Vale lembrar que os taxistas de Vitória têm isenção de Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS).
 
O mercado de táxi funciona sob o regime de comissão e de diária. Uma parcela expressiva opera com o regime de comissão, em que geralmente o lucro do dia é repartido em 60% para o permissionário e o restante para o defensor. É um regime mais flexível que a diária. Esta garante em média R$ 200 por dia no bolso do permissionário ou gestor da placa. Na comissão, o lucro do dia pode não ser tão generoso.
 
O universo das fraudes em contrato de permissão é alimentado, sobretudo, pelo regime da diária, que, como dito, garante um bom dinheiro todo dia ao dono da placa. Não é por acaso, como indicaram as reportagens, que os grandes gestores de placa de Vitória – Carlos Agne, Ataíde Mateus, Josias Siqueira e Valdir Jorge Souza – administram suas frotas por diária e que carregam a fama de cobrar as tarifas mais caras da praça. 
 
As oitivas das CPIs da Máfia dos Guinchos, na Assembleia Legislativa, e dos Táxis, na Câmara de Vitória, reforçam o fato. A sessão recente da CPI dos Táxis entrevistou um permissionário que delegou procuração para Valdir e disse que cobra R$ 260 de diária dos defensores pelo veículo, que opera no Aeroporto de Vitória. As diárias mais caras de Vitória chegam a R$ 300, cobradas por Carlos Agne.
 
Um conjunto de procurações a que Século Diário teve acesso revelaram que uma outra fração do universo paralelo do serviço de táxi de Vitória é administrada por núcleos familiares, ou seja, foram criadas pequenas frotas de gestão familiar. É o caso das famílias Mônico (comandada por Thiago Mônico Rossi), Pereira (comandada por Almir Pereira de Souza) e Brocco (comandada por Alberto Pereira Brocco). 
 
 
As procurações e a auditoria deram contornos palpáveis ao problema, mas ainda existe toda uma área inexplorada, que abriga principalmente operações de sublocação firmadas por acordo verbal. Segundo taxistas, os contratos “de boca” são um instrumento de delegação de permissão ainda mais abrangentes que o da procuração. O problema é que não deixam rastro visível.

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