O protesto desta quarta-feira (26), em Vitória, teve um ponto em comum com os três anteriores: todos começaram num clima pacífico e acabaram em confronto com a Polícia Militar, quando os manifestantes foram para a praça do pedágio da Terceira Ponte. O local se tornou uma espécie de “Faixa de Gaza” dos protestos.
Para o governo do Estado, manter o “território” sob seu domínio virou ponto de honra, principalmente após a manifestação da última quinta-feira (20), que reuniu mais de 100 mil nas ruas da Capital capixaba. No protesto do dia 20, após concentração na frente do Tribunal de Justiça do Estado, os manifestantes acabaram seguindo para a Terceira Ponte. Pela primeira vez, os manifestantes literalmente tomaram a ponte, ocupando seus 3,3 km de extensão. Um grupo acabou depredando as cabines e a concessionária Rodosol, depois de se reunir com o governo, decidiu suspender a cobrança até o restabelecimento do serviço, que deve ser normalizado a partir do meio-dia desta quinta (27).
Protesto X futebol
A semifinal desta quarta-feira (26) entre Brasil e Uruguai pela Copa das Confederações (2 X 1, Brasil) atrasou, mas não esvaziou o protesto, assim como a rejeição da PEC 37 na noite desta terça-feira (25) pela Câmara dos Deputados, já que a convocação para o protesto, inicialmente, trazia como bandeira a PEC 37. Os cartazes exibidos pelos manifestanes trasnmitiam que as pautas íam além da PEC 37, na verdade, faziam um mix das demandas apresentadas nos protestos anteriores.
Por volta das 18 horas, cerca de mil pessoas deixaram a Ufes, ocuparam as duas faixas da Reta da Penha e seguiram em direção a Assembleia Legislativa – alvo inicial do protesto. No trajeto, o número de manifestantes foi crescendo e por volta das 19 horas cerca de 4 mil pessoas (3 mil, segundo a PM) já ocupavam o entorno da Assembleia. Os manifestantes cantaram o Hino Nacional, gritaram palavras de ordem e estouraram fogos. Enquanto isso, um grupo convocava os manifestantes a seguirem para a Terceira Ponte.
A PM já esperava os manifestantes perfilados em frente as cabines, que estavam protegidas por tapumes para evitar novas depredações.
Por volta das 20 horas, os manifestantes tentaram se aproximar das cabines do pedágio, mas a PM reprimiu os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Um grupo menor, com cerca de 50 pessoas, tentava atravessar a ponte sentido Vitória para se juntar aos manifestantes. A repressão da polícia foi dura e impediu a passagem do grupo, que decidiu então se dirigir para a residência do governador, em Vila Velha. A estratégia alternativa também não surtiu efeito, os policiais já haviam montado uma forte barreira para impedir a aproximação dos manifestantes.
A manifestação foi pouco a pouco se dispersando por volta das 21 horas. Vários lojas foram depredadas nas imediações da Reta da Penha, nas proximidades do Shopping Boulevard. A polícia informou que mais de 100 pessoas enolvidas em saques e depredações foram detidas.
Na manhã desta quinta-feira (27) os comerciantes, a maioria com lojas na Reta da Penha, contabilizam os prejuízos. Algumas lojas tiveram os vidros quebrados enquanto outras foram saqueadas.
O próximo protesto, o quinto da série, está marcado para a próxima sexta-feira (28). O ato, que é puxado pelo grupo “Não é por R$ 0,20”, traz uma pauta ampla. O foco do movimento é a democratização da mídia, mas a pauta traz uma lista extensa de reivindicações, que vai da mobilidade urbana à corrupção.