Segundo o presidente da Federação Espírito Santense de Ciclismo (Fesc), Sandro de Oliveira, o decreto sobre o Bike Park Fonte Grande, em Vitória, estava pronto há mais de um ano. Foi gestado e traçado ainda na gestão do ex-secretário municipal de Meio Ambiente Cléber Guerra. Mas os pedidos de implantação do projeto não foram atendidos até o incidente do último dia 24 de janeiro, quando ciclistas foram impedidos dois vigilantes de transitar no local. Aí a história virou.
“Ele sabe aproveitar uma situação. Foi um fato isolado. Ele pegou um gancho para sair de herói da história”, analisa Sandro, criticando a atitude oportunista do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS). O prefeito inaugurou o Bike Park Fonte Grande no último domingo (14) acompanhado de cerca de 150 ciclistas.
Dias antes, em maior escala, Luciano mostrara conduta semelhante na questão ambiental: na esteira da interdição do Porto de Tubarão pela Polícia Federal em função de danos ambientais, Luciano anunciou com pompa uma multa milionária às empresas Vale e ArcelorMittal.
O problema é que medidas mais simples e que podem efetivamente oferecer conforto e segurança ao ciclista ainda não foram implantadas em Vitória. A sinalização horizontal e vertical com foco no ciclista é sofrível; a rede cicloviária da cidade privilegia a orla, ou seja, a comunicação entre a praia e o interior dos bairro é falha. Os ciclistas ainda tem que dividir as ruas com carros em alta velocidade.
Embora reconheça o esforço de implantação das ciclovias da Praia do Canto, entre a Praça dos Namorados e a Praia de Camburi, e do Centro, Sandro aponta falhas em ambos os projetos.
A ciclovia da Ponte de Camburi, aponta, é irregular, apresenta buracos e provoca trepidações. A tinta que pavimenta o trecho também apresenta problema de insuficiência de microesfera de vidro (ou “pó de vidro”), material que confere maior aderência do pneu à pista. Já no Centro, a altura do meio-fio que segrega a pista veicular da ciclovia fere as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
O meio-fio registra 20 centímetros, mas o correto, explica o presidente da Fesc, são 15 centímetros. Sandro explica que, embora o tamanho maior ofereça mais sensação de segurança, esta só se efetiva com as dimensões prescritas pela ABNT. “Com 20 centímetros, o carro pode avançar para dentro da ciclovia”, explica, em caso de acidente.
“Já expliquei isso para o secretário de Transportes [Josivaldo de Andrade], já passei também para o prefeito via Whatsapp. Eles sabem que um problema maior pode acontecer”, conclui. Sandro afirma também que a pintura da ciclovia da Ponte da Passagem e a construção de uma via compartilhada no local também já foram solicitadas, porém sem sucesso.