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Projeto de extensão da Ufes realizará ações em comunidades populares

As localidades foram escolhidas considerando a tendência de avanço da Covid-19 no Estado

As comunidades populares serão o foco do Ação Cidadã, iniciativa que busca contribuir para a implementação de ações de assistência social e cidadania nessas localidades durante e depois da pandemia do coronavírus. Trata-se de uma parceria entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coletivos e o Espírito Santo Solidário, programa do Governo do Estado que, junto à sociedade civil, arrecada e distribui produtos de higiene, limpeza e cestas básicas para as famílias vulneráveis. 

O Ação Cidadã, segundo a pós-doutora em Epidemiologia, Ethel Maciel, faz parte do projeto de extensão Ufes Solidária, que ela coordena. A iniciativa existe desde 2014 e tem atuado principalmente em crises humanitárias, como enchentes e epidemia de Febre Amarela.

Segundo Ethel, o Ação Cidadã surgiu de uma demanda dos próprios coletivos. “Como o Estado brasileiro é ausente, os coletivos estão se auto-organizando em campanhas de arrecadação de cestas básicas e distribuição de máscaras. Por estarem fazendo essas ações nas comunidades, nos procuraram para pedir orientações a respeito de como se prevenir e como auxiliar as pessoas”, explica.

Além disso, outro fato que impulsiona a criação do projeto, como aponta a coordenadora, é a “pauperização da pandemia”, ou seja, o avanço dela nas comunidades populares, já que a tendência é haver explosão de casos de Covid-19 nessas localidades.

A pós-doutora em Epidemiologia destaca que a previsão é de que o projeto tenha duração de dois anos e desempenhe atividades como cursos de capacitação, treinamentos e outras iniciativas para potencialização, por exemplo, das atividades econômicas e culturais já desenvolvidas nas comunidades populares. 

Ethel salienta, ainda, que outra proposta é auxiliar as pessoas a se adaptar à nova realidade que terão que viver após a pandemia. Um dos exemplos são as desfiadeiras de siri. “Mudar de comportamento é sempre difícil. Elas não poderão mais desfiar siri como antes, por exemplo. Elas costumam conversar enquanto desfiam e isso não será mais possível”, afirma.

Outro exemplo dado pela professora foram as capacitações para reinserção no mercado de trabalho e para auxiliar a incrementar os pequenos empreendimentos por meio de criação de aplicativos para atendimento delivery. 

O Ação Cidadã, informa Ethel, também realizará treinamentos na área de saúde e, junto com as comunidades, identificará pessoas com sintomas de Covid-19 para auxiliar com as devidas orientações.

O integrante do Instituto Raízes, Jocelino Júnior, acredita que a iniciativa é importante, pois nas comunidades populares grande parte das pessoas ainda não tem informações suficientes sobre o coronavírus, o que faz com que as ações de prevenção sejam deixadas de lado, como utilização de máscara e álcool em gel, além do respeito ao distanciamento.

Jocelino afirma que isso foi bem perceptível no Dia das Mães. “Eu via as fotos das pessoas de classe média homenageando da calçada a mãe, que estava na varanda, promovendo distanciamento. Nas fotos das famílias de comunidades populares, normalmente era um monte de gente junto dentro de casa, cozinhando junto com a mãe”, conta.

Jocelino afirma que uma das iniciativas que o Instituto Raízes quer desenvolver por meio do Ação Cidadã é o sistema ComVida de gestão de concessão de alimentos e outros benefícios, podendo avaliar o contexto socioeconômico das famílias no momento em que elas são beneficiadas.

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