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Projeto das ruas Sete e Gama Rosa ‘dá apenas uma maquiada’, critica Amacentro

Comunidade não teve espaço para opinar sobre as mudanças feitas pela Prefeitura de Vitória

Mesmo com posição contrária da comunidade, a Prefeitura de Vitória vai manter as alterações feitas no projeto de reurbanização das ruas Sete e Gama Rosa, no Centro de Vitória. O projeto, apresentado na noite dessa quarta-feira (21), na Fafi, foi considerado “meia-boca” pela Associação dos Moradores do Centro (Amacentro), que aponta, ainda, que “não traz mudanças estruturais” e apenas “dá uma maquiada”.

Leonardo Sá

O presidente da Amacentro, Lino Feletti, relata que, contrariando as expectativas da comunidade, a apresentação não foi para ouvir os moradores quanto às mudanças no projeto, mas somente para apresentá-lo, já que o edital para licitação da obra também foi lançado.

A prefeitura havia entrado em contato com a Amacentro para falar das mudanças e pedir o aval para que fossem efetivadas. Contudo, a associação declarou que as alterações deveriam ser apresentadas em assembleia para a comunidade, para serem discutidas coletivamente, pois o parecer da associação seria individual, sendo a assembleia “maior do que a diretoria”. Em junho de 2022, a associação também tinha encaminhado ofício para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade (Sedec) solicitando uma reunião com a comunidade para discutir o tema, mas não obteve resposta. 

Lino diz que, na reunião dessa quarta, solicitou ao prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) que fosse estabelecido um tempo de fala para os participantes logo no início da reunião. O pedido, explica, foi porque em encontros anteriores, isso não foi feito. As pessoas se manifestavam durante muito tempo e depois a gestão, com o avançar da hora, estipulava tempo, portanto, limitava-se a expressão de um número maior de pessoas. A resposta do prefeito não foi nada agradável. “Ele disse ‘Lino, não vai ter fala, é só apresentação, já está tudo resolvido”.
Leonardo Sá

Uma das alterações no projeto foi a desistência de fazer o encapsulamento dos cabos e fios que causam poluição visual. Outro problema é o fato de a gestão de Lorenzo Pazolini persistir em manter, na Rua Sete, o nível da rua abaixo da calçada, contrariando o projeto aprovado pela comunidade em 2022. Lino relata que o argumento para não mexer no nível da rua é que isso irá ajudar na drenagem em época de chuva.

“Se precisa disso, é porque não garantem que a obra de drenagem que será feita vai resolver. A obra de drenagem garante ou não o escoamento? O que parece é que corremos risco de reviver o que aconteceu na Rua da Lama”, aponta o líder comunitário, referindo-se ao alagamento registrado em dezembro passado, logo após a finalização das obras.

A não aplicação do projeto inicial, afirma Lino, é resultado do lobby da diretoria da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e de um grupo de moradores do entorno da Rua Sete, uma vez que não serão mais retiradas as vagas de estacionamento da Rua Sete e ao lado da praça Ubaldo Ramalhete para ampliá-la. Lino aponta que comerciantes diurnos da região querem a manutenção das vagas para usufruto dos clientes, entretanto, a ideia de grande parte dos moradores e dos comerciantes noturnos é fazer da região um espaço de convivência. “O projeto valoriza carros”, lamenta Lino.
Além disso, consta a retirada das pedras portuguesas da praça Ubaldo Ramalhete, mantendo somente as de dentro da quadra e debaixo das árvores. “Se esquece o que tem de história nas pedras, é um dos poucos resquícios de pedra portuguesa que se tem no Centro”, queixa-se o presidente da Amacentro. 

O projeto de reurbanização faz parte do grande pacote anunciado pela prefeitura de R$ 1 bilhão de investimentos em várias áreas, até 2024, incluindo os polos gastronômicos da Rua da Lama, da Curva da Jurema e do Bairro República/Mata da Praia. Quando foi apresentado para a comunidade, em janeiro de 2022, foi considerado como um instrumento de fortalecimento do turismo, da economia e da segurança.

Na reunião dessa quarta, também foi apresentada a obra das ruas do entorno do Viaduto Caramuru, ligando ao Parque Moscoso. Será retomado o piso original, de paralelepípedo, haverá reconstrução das calçadas e arborização. A ação, que inicialmente não fazia parte do projeto, foi considerada positiva pela comunidade.

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