A pandemia do coronavírus tem gerado vários impactos para os comerciantes, como a redução das vendas devido ao aumento do desemprego. Essa realidade tem sido enfrentada no Território do Bem, em Vitória, com a ajuda do projeto Economia do Bem, realizado pelo Ateliê de Ideias em parceria com a Secretaria Municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid).
O Economia do Bem auxilia famílias que precisam de doações de alimento, além dos comerciantes, que precisam aquecer as vendas. “O dinheiro arrecadado por meio de ações solidárias é revertido em cestas básicas, que compramos no comércio local”, diz a coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Comunitário do Ateliê de Ideias, Denise Biscotto.
Ela destaca que, para as pessoas poderem adquirir alimentos que não vêm na cesta, tendo possibilidade de escolha, também é possível comprar via cartão ou aplicativo, que, como explica Denise, se assemelha ao Pic Pay. Já o cartão de débito, afirma, tem foco nas pessoas que não possuem smartphone. Ambos são iniciativas do Banco do Bem, um banco comunitário do bairro São Benedito.
O comerciante Alexandre Fernandes Rodrigues, proprietário da Mercearia Majestade, aprova a iniciativa do Economia do Bem. “É algo muito bom, excelente, nos ajuda muito. O pequeno comerciante não é reconhecido e essa iniciativa não somente traz reconhecimento, como também ajuda muita gente da comunidade que está desempregada. Esses dias uma moradora comprou na minha mercearia através do aplicativo e falou que estava sem comida em casa para dar aos filhos”, conta.
A mercearia de Alexandre é divulgada no Mapa do Bem – Guia Gastronômico e Cultural, uma página no Facebook que informa o comércio local e produtos vendidos por trabalhadores informais da região, como doces, salgados, entre outros. “O Guia já existia antes da pandemia e eu já recebia encomendas de produtos. Com a pandemia, esses pedidos para entrega delivery tem aumentado e muitos deles entram em contato ao conhecer nosso estabelecimento pelo face”, afirma.
O Economia do Bem também realiza cursos para empreendedores locais. Segundo Denise Biscotto, o projeto precisou se reinventar por causa da pandemia. As formações presenciais já previstas, explica a coordenadora, tiveram que ser adaptadas para o formato online. Além disso, os conteúdos tiveram que se adequar às necessidades de prevenção à Covid-19, por exemplo, no que diz respeito às instruções sobre a entrega de produtos por meio de delivery.
A formação online, que tem previsão de início no final de junho, auxilia as pessoas a como divulgar seu trabalho nas redes sociais e formalizar seus negócios, entre outras iniciativas necessárias para a sobrevivência das atividades comerciais e garantir o acesso a direitos sociais. João Pires, proprietário de um “quilão” no Bairro da Penha, participou de edições anteriores da formação.
“Formalizando os negócios a gente passa a contribuir com o INSS [Instituto Nacional do Seguro Social] para, no futuro, ter direito à aposentadoria. Também foi possível aprender a precificar, pois antes eu tinha muita dificuldade para colocar preço”, destaca.