A cidade é mais hostil para as mulheres. À noite na escuridão, quando alguém se aproxima. O passo apertado, o coração acelerado. Pode ser apenas outro transeunte, mas pode ser também um perigo. A violência contra a mulher pode acontecer nas ruas e deixar rastros. Transformar essa geografia em arte e intervenção urbana é a proposta do projeto Mapa da Violência Contra a Mulher.
O projeto, aprovado pelo edital Setorial de Artes Visuais da Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo (Secult), está realizando uma pesquisa para coletar informações sobre locais onde acontecem diversos tipos de violências contra a mulher, tendo como amostra o Centro de Vitória e o bairro de Jardim da Penha, incluindo juntamente o campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), devido a sugestão de mulheres entrevistadas. Para contribuir com o mapeamento é preciso preencher um formulário com mais informações sobre ocorrido. A pesquisa considera diferentes formas de violência: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
“Mapear seria entender como isso acontece no entorno, em qualquer lugar. E dar forma artística para humanizar esses números de violência. Dentro de uma pesquisa é somente o número, mas quando trazemos para o lado artístico podemos trazer quem é essa mulher, o que ela sentiu, dar voz”, diz a artista e professora Geisa Silva, coordenadora do projeto.
Os relatos fornecidos pelas mulheres de forma sigilosa serão transformados em placas para serem colocadas nas proximidades do local onde ocorreu a ação de violência, como uma forma de intervenção artística em conjunto com moradores dos bairros para chamar a atenção da sociedade sobre essa prática infelizmente ainda tão recorrente.
O projeto vai culminar com a elaboração de dois mapas expostos para o público em geral. Toda ação será filmada e fotografada para depois converter a intervenção urbana numa videoarte mostrando o resultado do trabalho também nas redes sociais e outros espaços de difusão audiovisual.