Em todos os estados em que houve protestos anti-Dilma neste domingo (15), prevaleceu a divergência sobre o número de manifestantes que foram para as ruas.
Em Vitória, a Secretária de Segurança calculou que 100 mil pessoas tomaram a praça do Papa na tarde deste domingo. Os organizadores, porém, estimaram 120 mil manifestantes. Vinte mil a mais vinte mil a menos, os participantes ficaram tão entusiasmados com o sucesso do ato que já articulam um novo protesto para o próximo domingo (22). A decisão de promover um novo protesto foi tomada durante a manifestação.
Em São Paulo, a PM informou que um milhão de pessoas protestaram na avenida Paulista. Mas um cálculo do Datafolha reduziu o número de manifestantes em quase 800 mil. Em Porto Alegre aconteceu o inusitado. A estimativa da polícia foi maior do que a dos manifestantes – sempre ocorre o inverso.
Divergências numéricas à parte, tanto em Vitória como na maioria das capitais brasileiras que participaram do ato, o que se ouvia e se lia nas faixas e cartazes neste domingo era um desbafo de insatisfação ao governo Dilma, ao PT, à corrupção e à retração da economia.
Outro ponto em comum dos atos foi o viés aparentemente apartidário das manifestações. O protesto deste domingo começou a ser organizado há cerca de um mês nas redes sociais basicamente por três vertentes incubadas nos movimentos de junho de 2013: Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados On Line.
As três correntes reafirmam que o movimento não tem bandeira partidária e que não seria permitida a participação de políticos. Nas redes sociais, eles pediam aos manifestantes que não levassem bandeiras de partidos ao protesto deste domingo. O “traje oficial” que se viu no Espírito Santo e nos outros estados foi o verde e amarelo. O Hino Nacional e o cantigo “Sou brasileiro, com muito orgulho…” fizeram parte da trilha sonora “obrigatória” dos protestos.
As convergências, porém, param na coloração da indumentária e na trilha sonora. Os cabeças dos movimentos divergem sobre o pedido de impeachment de Dilma. O Vem Pra Rua é contrário ao impedimento da presidente. Rogério Chequer, uma das lideranças do Vem Pra Rua em São Paulo, que tem mais de 300 mil seguidores nas redes sociais, pondera: “Não somos a favor do impeachment hoje. É um processo político penal e nós ainda não temos evidências jurídicas que possam viabilizar o processo. Mas este posicionamento pode mudar a qualquer momento”.
Já o MBL quer o impeachment da presidente já. “Primeira razão, estelionato eleitoral: Dilma não cumpriu nenhuma de suas promessas da campanha. Além disso, articula uma anistia para as empresas envolvidas no Petrolão, incidindo em crime de responsabilidade. Mas a principal razão é a destruição da República”.
Tanto nas nas redes sociais como nas ruas esses pontos de vistas, no entanto, ganharam as mais diversas conotações. Havia grupos que pediam apenas o fim da corrupção, independente do viés partidário. E também grupos radicais que pediam a volta dos militares ao poder, mas esses eram minoria.
O Vem Pra Rua Brasil – Espírito Santo mostrou que o movimento capixaba diverge da diretriz central do Vem Pra Rua. “Quem está farto sente que o Impeachment é a mais rápida solução para interromper essa trajetória desastrosa”.
E acrescenta: “O povo, indignado, não está preocupado com os detalhes jurídicos do Impeachment, e isso é totalmente compreensível. Eles querem apenas estancar a dor e as perdas do país com a forma de governo atual. Gritar por Impeachment é gritar BASTA, é tentar desesperadamente parar de sangrar, impedir o governo de sugar mais ainda os recursos da nação para sua causa populista e de perpetuação de poder”.
O Vem Pra Rua Brasil – Espírito Santo comemorou o sucesso da manifestação de hoje e durante o protesto deliberou um novo ato para o dia 12 de abril. Se confirmado, o protesto concorrerria com a Festa da Penha, uma das mais importantes manifestações religiosas do País.
Segundo a polícia, o protesto deste domingo transcorreu de forma pacífica. A concentração teve início às 15 horas na praça do Papa. Por volta das 17h, um grande grupo que cruzou a Terceira Ponte vindo de Vila Velha se juntou aos manifestantes que já tomavam a praça do Papa.
Os manifestantes começaram a se dispersar por volta das 18h30.