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Protesto foi marcado por cenas de violência nas ruas do Centro de Vitória

 

Em mais um dia de protestos contra a cobrança do pedágio na Terceira Ponte, o Centro de Vitória parou. As principais vias da Capital capixaba, nesta sexta-feira (19), tiveram o trânsito interrompido. O ato foi marcado pela violência entre manifestantes e forças policiais. Apesar de as tropas terem se abrigado no interior dos prédios públicos nas primeiras horas do dia – até o fechamento desta reportagem – foram marcados por forte repressão policial nos arredores do Palácio Anchieta. Não está descartada a possibilidade de novos protestos no início da noite.

Durante o dia de protesto, foram registradas várias cenas de violência em confrontos entre manifestantes e tropas policiais. Além do enfrentamento nas proximidades dos palácios Anchieta e da Fonte Grande, sedes do Executivo estadual, os integrantes dos protestos alegam que foram alvo de tiros de armas de fogo (letais), disparados por vigilantes da agência central do Banestes, na Praça Oito.

Em entrevista à Rádio CBN Vitória, o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, negou que os disparos com armas de fogo tenham sido efetuados por policiais militares. Entretanto, ele preferiu não confirmar – ou negar – o episódio no banco estatal. Contudo, a reportagem ouviu manifestantes que confirmaram a ocorrência de três disparos, que teriam inclusive contribuído para a destruição do vidro da fachada do banco (que também foi alvejado por pedras pelos manifestantes).

Para explicar essa escalada de violência, basta recorrer aos antecedentes do protesto desta sexta-feira. Na segunda-feira (15), os manifestantes foram impedidos de acompanhar a sessão da Assembleia Legislativa, que arquivou o Projeto de Decreto Legislativo 69/2013, que propunha o fim da cobrança do pedágio na Terceira Ponte. Apesar de a participação popular ter sido um dos pontos do acordo entre os integrantes do “Movimento Ocupa Ales”, que permaneceu no prédio do legislativo por 12 dias, e a cúpula da Casa, o grupo foi atacado pela tropa de choque da PM, que estava em número muito superior.

A ação desproporcional e violenta da polícia – avaliada pelo comandante-geral da instituição, coronel Edmílson dos Santos, como “quase perfeita” – provocou a reação por parte de entidades da sociedade civis organizada, que afirmaram não existir mais dialogo com o governo do Estado. Tanto que 24 entidades assinaram uma nota de repúdio na quarta-feira (17) contra as atitudes tomadas pelos poderes Executivo e Legislativo em relação aos protestos iniciados em junho em todo País contra a corrupção – representado no Estado pela cobrança abusiva do pedágio na ponte.

Apesar de o governador Renato Casagrande ter divulgado mensagens nas redes sociais pela retomada do diálogo, o discurso se esvaiu após as primeiras bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha disparados contra os manifestantes na manhã desta sexta-feira. É verdade que a ação policial começou após o início da depredação dos prédios públicos, porém, nada foi feito para conte-las.

Uma prova é que o início deste novo protesto se deu pacificamente desde a concentração em frente à sede da Assembleia Legislativa e passagem pelo prédio do Tribunal de Contas do Estado (TCE), onde será realizada uma auditoria no contrato de concessão da ponte. Entretanto, o clima ficou tenso nas proximidades do Palácio Anchieta, que estava preparado para a cilada – uma vez que as tropas estavam no interior do local à espera do iminente confronto. O mesmo ocorreu no Palácio da Fonte Grande e novamente na principal sede do Executivo estadual.

De acordo com as primeiras informações, foram detidas cerca de 22 pessoas por envolvimento nos atos de vandalismo – muito embora a reportagem tenha presenciado a ocorrência de prisões arbitrárias, sobretudo, pela suposta desobediência após a ação tática policial que dispersou os manifestantes em frente ao palácio. Na região do Centro, até o fechamento da reportagem, o clima era de tensão, uma vez que todo o comércio está fechado e dezenas de viaturas da Polícia circulam pelo local, inibindo qualquer concentração de pessoas.

Nas redes sociais, os grupos de manifestantes se articulam para a realização de uma nova assembleia, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, neste sábado (20). Também é levantada a possibilidade de unificação do protesto na praça do Papa, na Enseada do Suá, onde acontece uma concentração de pessoas, a maioria, professores da rede pública. 

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