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‘Queremos debater o projeto do Mergulhão de Camburi’

Obra está prestes a começar, mas proposta ainda não foi apresentada aos moradores

Após a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) colocar uma placa em Jardim Camburi com informações sobre a obra do Mergulhão, que tem previsão de início ainda este mês, a Associação Comunitária de Jardim Camburi (ACJAC) acionou a Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) para reivindicar que o projeto seja apresentado, já que os moradores o desconhecem.

PMV

Em uma reunião presencial com o coordenador de Atendimento às Lideranças Comunitárias, Lorenzo Borges, ocorrida nessa quarta-feira (22), foi assumido por parte da gestão o compromisso de marcar uma conversa entre a entidade, o secretário municipal de Obras, Gustavo Perin; e o prefeito Lorenzo Pazolini, conforme informa a presidente da ACJAC, Arlete Pereira. “Queremos debater o projeto do Mergulhão”, diz a líder comunitária.

A obra, de acordo com a Prefeitura de Vitória, vai eliminar a retenção de veículos no cruzamento da rodovia Norte-Sul com a avenida Dante Michelini. As ações serão executadas pela Zurich Airport Brasil, e a ordem de serviço foi assinada em julho último, na Praça da Bocha. O custo será de R$ 77,5 milhões, com duração de 930 dias.

Foto Leitor

Os moradores, segundo Arlete, querem que a gestão municipal faça uma conversa com toda a comunidade para detalhar a obra. “Queremos saber o cronograma, se tem as licenças ambientais necessárias, como serão tratados os impactos que trará ao bairro. Serão 930 dias em que 50 mil moradores vão sofrer esse impacto. Vale a pena ficar com uma obra mais de três anos sem a certeza de resolver o problema da mobilidade urbana?”, questiona.

Arlete afirma que a comunidade acredita haver alternativas mais baratas para solucionar o problema da mobilidade urbana, como a criação de uma via expressa no aeroporto, que faria a Norte Sul ser uma avenida somente para Jardim Camburi, ao contrário do que acontece hoje, pois ela é utilizada para permitir o acesso ao município da Serra. “O dinheiro da obra do Mergulhão poderia ser utilizado em outras coisas que a cidade precisa. É uma obra para melhor a mobilidade urbana da Grande Vitória e quem está assumindo é a Prefeitura de Vitória”, aponta.

A reivindicação de acesso ao projeto do Mergulhão por parte da comunidade é antiga. Durante a ordem de serviço, em julho último, esperava-se que fosse apresentado e se escutasse os moradores, o que não ocorreu. Os espaços de fala foram somente do prefeito, do secretário municipal de Obras e algumas pessoas apontadas pela gestão como lideranças comunitárias, mas nenhuma delas, segundo a ACJAC, integrava a entidade, que não foi convidada para falar.

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A comunidade chegou a acionar o Ministério Público do Espírito Santo (MPES). No documento, a entidade recordou que, em agosto de 2023 por meio do Ofício 051/2023, trouxe à tona questionamentos sobre as obras de asfaltamento das vias do bairro e da construção do Mergulhão de Camburi. Também encaminhou, um mês depois, o Ofício 055/2023, “referente à urgência para as explicações da Prefeitura de Vitória sobre o tema”. O asfalto diz respeito ao projeto Asfalto Vix. Os moradores se queixaram de que algumas ruas foram asfaltadas sem necessidade. Os ofícios culminaram em reuniões com o MPES, quando a comunidade reivindicou que a gestão municipal dialogasse sobre toda e qualquer obra que possa impactar o seu cotidiano.

Naquele momento, recorda a ACJAC, não havia acontecido ainda a contratação da empresa responsável pela obra do Mergulhão, por isso, o assunto não chegou a ser debatido, somente o asfaltamento. Como a prefeitura se comprometeu a dialogar, houve o arquivamento da Notícia de Fato nº 2023.0021.3529-80, instaurada a partir do recebimento do expediente Ofício nº 055/2023.

A ACJAC, em pedido feito no ano passado, se baseou nesse descumprimento do compromisso para, novamente, pedir abertura de diálogo por parte da prefeitura. Considerou também o fato de o secretário municipal de Obras, Gustavo Perin, ter declarado à imprensa que “o município sempre manteve e mantém diálogo com os moradores e que o projeto foi apresentado à comunidade”. Além disso, aponta que há “ausência de informações sobre os dados obtidos e dos resultados das análises destes dados, bem como a falta de informações para a população em geral”.

A associação evidenciou algumas dúvidas sobre a obra, como o fato de haver ou não algum estudo técnico apresentado e que justifique a intervenção. “Por que não há interesse em comunicá-lo com a comunidade que será impactada e não possui o mínimo de informação necessária para fazer juízo de valor sobre uma obra milionária que mudará a característica de entrada do bairro de Jardim Camburi para sempre?”, indagou.

Outra questão foi gerada por notícia veiculada na imprensa de que haverá apenas duas faixas para a saída do bairro de Jardim Camburi pela Avenida Dante Michelini. “Atualmente, o trânsito com três faixas já está saturado, duas faixas e a retirada do semáforo resolvem?”. Consta no documento ainda o questionamento sobre se, diante da predominância de veículos que utilizam a Norte Sul com origem ou destino à cidade da Serra, não seria melhor privilegiar o tráfego pela Rodovia das Paneleiras.

Mais um ponto foi em relação à intervenção proposta para a “suposta fluidez da Norte Sul”, que pode reter as saídas do bairro, mais precisamente na rua Carlos Gomes Lucas e nas avenidas Armando Duarte Rabelo e Raul de Oliveira Neves para a Norte Sul. “Em um raciocínio lógico, quanto mais carros na Norte Sul, mais necessidade de fluidez no trânsito nesta via, dificultando, dessa forma, a saída do bairro de Jardim Camburi”, destacou.

Para a associação, “seguindo a mesma linha de raciocínio, com o trânsito fluindo melhor no cruzamento das Avenidas Dante Michelini com Norte Sul, o tráfego ficará retido nos próximos cruzamentos, entre as Avenidas Dante Michelini e Av. Adalberto Simão Nader, bem como no entroncamento da Rua Carlos Gomes Lucas e Avenida Norte Sul?”. A ACJAC também quer saber quais foram e onde podem ser encontrados os resultados do Plano de Mobilidade de Vitória, denominado Vix Mob. “Para além da publicidade legal, deveriam ter primado pela intenção de comunicar”, cobra.

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