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Respeito à diversidade leva milhares de pessoas às ruas de Vitória

11° Manifesto LGBTQIA+ saiu da Vila Rubim, em Vitória, rumo ao Sambão do Povo

Elaine Dal Gobbo

A “defesa da família” é um dos grandes argumentos das pessoas contrárias aos direitos da comunidade LGBTQIA+. Porém, o que se viu na parada que abriu a 11ª edição do Manifesto LGBTQIA+ foi alegria, engajamento, arte, mobilização e, sem sombra de dúvidas, defesa da família! Mas não esse conceito de família alicerçado nas desigualdades e na manutenção das mais diversas opressões, como o machismo, o racismo, e a LGBTfobia, e sim, pautado no amor, na acolhida, no respeito à diversidade.

Um dos exemplos disso é o casal Ana Paula de Sousa Littig e Hugo Sérgio Littig, pais de Thomas Moura Littig, um menino trans de 12 anos, que em janeiro começou sua transição social. Cortou o cabelo, passou a usar roupas masculinas e retificou seu nome. Para isso, contou com o apoio da família desde que se aproximou dos pais, aos 11 anos, e disse: “não me sinto confortável como menina”.

Elaine Dal Gobbo

“Ele conversou com a gente. Fomos buscar ajudar, ler, entender. Precisávamos de um tempo para compreender, esse tempo foi dado, nossa chave virou e estamos aqui o acolhendo”, diz Ana Paula. “Tem que acolher, amar, é meu filho e amo de coração. Em primeiro lugar, tem que estar o amor. Agradecemos a Deus por ele, me sinto muito fez de ser pai dele. Somos uma família feliz, trabalhamos, temos saúde, paz, isso é importante. Devemos amar uns aos outros”, defende Hugo. Participar do Manifesto, acredita Ana, “é muita representatividade para nós, para ele”. 

O Manifesto saiu da Vila Rubim, em Vitória, rumo ao Sambão do Povo, atraindo uma multidão ao som do bloco AfroKizomba. A organização do evento foi marcada por polêmicas após a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), por meio do então secretário de Cultura, Luciano Gagno, ter dito que “a comunidade LGBTQIA+ não faz parte da nossa política”, mas como diz Chico Buarque em Apesar de Você, a Associação Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold), organizadora do evento, fez “o jardim florescer qual você não queria”, e levou milhares de pessoas para as ruas na tarde deste domingo (31).

Elaine Dal Gobbo

Com o título “Close, close, close”, o Manifesto fez menção ao bordão de Cleópatra Santana, mulher trans reverenciada pela comunidade LGBTQIA+ capixaba, falecida em 2020, durante a pandemia da Covid-19. A programação começou em 22 de julho. A partir daí, deu-se início a uma semana de atividades, como mutirão de retificação do registro civil para pessoas trans, passeio turístico, piquenique, exibição de filme, oficinas e, por fim, o tradicional manifesto deste domingo.

Elaine Dal Gobbo

Danos Morais

Após Luciano Gagno afirmar que a comunidade LGBTQIA+ “não faz parte da nossa política” para justificar a não concessão de auxílio da gestão municipal para o evento, a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) deu entrada em uma Ação Civil Pública (ACP) com pedido de liminar em face da PMV. Trata-se de um pedido de danos morais coletivos a favor da comunidade LGBTQIA+ e de retratação da gestão de Lorenzo Pazolini com esse grupo.

Entre os pedidos feitos pela Gold estavam palco, iluminação e banheiro, itens que, conforme recorda a coordenadora de Ações e Projetos da Associação, Deborah Sabará, a prefeitura disponibiliza para vários eventos realizados na cidade. Também foi solicitado recurso financeiro para custear atrações artísticas. A afirmação de Luciano Gagno resultou em sua exoneração e no registro de um Boletim de Ocorrência (BO) de Deborah Sabará contra ele.


Denunciado em BO, Luciano Gagno é exonerado da pasta de Cultura em Vitória

Ex-secretário foi denunciado pela ativista Deborah Sabará, após dizer que comunidade LGBTQIA+ não faz parte da política da atual gestão


https://www.seculodiario.com.br/cultura/denunciado-em-bo-luciano-gagno-e-exonerado-da-pasta-de-cultura-em-vitoria

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