“Não podemos aceitar um toque recolher arbitrário como este em pleno Carnaval!”, reagiu a Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro), diante da decisão da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) de fechar o comércio do bairro às 23h durante o Carnaval. O ato oficial, divulgado nesta quinta-feira (16), gera críticas e questionamentos também entre outras entidades da sociedade civil, população em geral e lideranças políticas.
A Amacentro destaca, em nota, que os bares “funcionam de forma regular, cumprem suas obrigações tributárias e trabalhistas, geram emprego e movimento no nosso bairro”. A entidade acredita que a restrição de horário “só servirá para fomentar práticas irregulares de comércio e ajudar a esvaziar as ruas, dando lugar à insegurança e à marginalidade”, pois “sem os bares o Centro de Vitória morreria e teria suas ruas totalmente vazias à noite!”.
O presidente da associação, Lino Feletti, queixa-se do fato de a decisão ter sido tomada sem diálogo com a comunidade, que soube por meio de uma reunião ocorrida nessa terça-feira (14), na qual o secretário de Comunicação e Governo, Luciano Forrechi, falou sobre o assunto, mas não no sentido de ouvir o que as pessoas pensam, e sim para comunicar a decisão da gestão municipal.
Para Lino, a iniciativa é reflexo da “incompetência da prefeitura de fazer o controle natural”, que, aponta, seria colocar guardas municipais nas ruas e dialogar com a Polícia Militar (PM) para garantir a segurança. Ele também salienta a necessidade de controle dos ambulantes e de evitar a utilização das “caixinhas de som”, uma vez que em horários onde não há atividades de lazer, elas podem ser utilizada por muitos como uma alternativa.
A deputada estadual Camila Valadão (Psol) se pronunciou sobre o assunto em suas redes sociais. Argumenta que a medida é “arbitrária” e impacta o comerciante que tem no feriado uma oportunidade de renda a mais, estando Vitória “na contramão de outras cidades que enxergam o Carnaval como patrimônio”. Para a também deputada estadual Iriny Lopes (PT), a iniciativa da prefeitura é um “abuso”. “O recado é claro: o prefeito e a prefeitura não gostam do nosso bairro, que é tão importante para o Carnaval capixaba e espaço de resistência na cultura da cidade”, enfatiza.
Uma decisão que já havia sido tomada no início de janeiro, mas que vem sendo mais debatida agora devido à proximidade do Carnaval, é a restrição no horário dos blocos, que poderão estar nas ruas somente até às 18h. Lino afirma que a associação defendeu que os blocos pudessem funcionar até 20h, 21h, com controle da prefeitura.
Diante do horário estabelecido pela gestão municipal, a Amacentro sugeriu que a administração elaborasse alternativas para “desafogar” o Centro após as 18h, uma vez que as pessoas podem permanecer no local por não ter outras opções. Algumas das sugestões foram atrações musicais no Sambão do Povo e nos armazéns da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), mas, segundo Lino, a prefeitura alegou não ter condições de realizá-las.