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Revisão do PDU: desafio é superar a esgotada capacidade viária de Vitória

Com apenas 9% da população do estado, mas concentrando 49,84% do Produto Interno bruto (PIB) da Grande Vitória e 29% do PIB do Estado, Vitória sente cotidianamente os efeitos da condição de centro econômico do Espírito Santo. A capacidade viária da cidade esgotou-se, situação que seus 90 quilômetros quadrados de área só agravam. 
 
Tal quadro inspira a análise do coordenador da elaboração do primeiro Plano Diretor Urbano (PDU) de Vitória, instituído em 1984, o arquiteto e urbanista Fernando Betarello: para ele, é fundamental discutir sobre mobilidade no processo de revisão do plano. “A discussão do PDU tem que ser relacionada ao sistema de transporte público. É um debate central. Vitória não tem mais para onde crescer”, analisa. 
 
A região do Centro abre nesta segunda-feira (9) a série de encontros presenciais com os moradores para discutir a revisão. As audiências se estendem até 6 de abril, contemplando cada região administrativa. A reunião acontece no auditório do Centro de Dirigentes Lojistas de Vitória (CDL), a partir das 19h.

A partir de 8 de abril, serão aceitas sugestões via internet, pelo Portal Minha Vitória (minhavitoria.pdu.com.br). A segunda etapa é a reunião com entidades da sociedade civil. Em agosto, acontecem seminários temáticos. A partir de setembro, o projeto de lei será apresentado nas assembleias regionais. A expectativa é que o projeto seja enviado à Câmara de Vereadores para votação e aprovação em dezembro. 

 

Embora a discussão sobre mobilidade seja usualmente feita em nível metropolitano, para compartilhar direitos e deveres entre as cidades, o PDU pode propor intervenções para contornar o problema localmente. Como exemplo, Betarello evoca o sistema BRT (vias exclusivas para ônibus) – caso vingue, já que o processo de implantação na Grande Vitória está suspenso por decisão da Justiça. Ele indica que os PDU pode se articular ao BRT, estimulando o adensamento das faixas por 400 a 500 metros com pontos de comércio e serviço, racionalizando, assim, a circulação.
 
Quem dá um bom exemplo da exaustão viária de Vitória é o professor do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), André Abe. Em Itararé e na Praia do Suá, bairros até ontem com demanda local de fluxo, hoje acolhem um trânsito que quer evitar a lentidão das principais vias. 
 
Itararé recebe o das avenidas Reta da Penha e Leitão da Silva – esta há um ano em obras de ampliação. Já a Rua Almirante Tamandaré, na Praia do Suá, a chamada “Rua da Peixaria”, também vem sofrendo uma reconfiguração de perfil. O que antes recebia tráfego local, recebe agora tráfego mais geral.   
 
O que orientou a elaboração do primeiro PDU de Vitória foi a capacidade das concessionárias de água, luz, energia e telefone de contemplar a cidade. Vitória já inchara nos final nos 60 em virtude do processo de erradicação do café para a implantação dos grandes projetos industriais. O problema é que nos anos 80 a população da capital ainda crescia a olhos vistos, efeito ainda da reconfiguração da política econômica estadual de duas décadas antes. 
 
Betarello lembra alguns pontos da elaboração do primeiro PDU de Vitória. Ali, estudos já planejaram regiões para adensamento serviço, em atenção ao movimento de desconcentração comercial do Centro de Vitória. A atual configuração de Jardim da Penha, com seus prédios baixos, foi esboçada ali. “O bairro poderia ter mais densidade, mas os moradores não quiseram”, diz. A intenção era manter o aspecto puramente residencial de Jardim da Penha, permitindo apenas atividades comerciais de apelo cotidiano (farmácia, padaria, banco, entre outras).
 
A legislação para Jardim da Penha foi aplicada em Jardim Camburi, que à época já mostrava tendência para intensa ocupação. Não adiantou. Revisões posteriores do plano flexibilizaram o adensamento da área e hoje Jardim Camburi é o bairro mais populoso do Espírito Santo. Na primeira década do novo século, foi um dos focos da gulodice imobiliária capixaba. Isso explica a mobilização de moradores que desde o ano passado pede a limitação da altura de novos empreendimentos em até oito andares.
 
Em termos estruturais, o PDU continuou o mesmo de lá para cá. “Claro que a cidade muda e o plano vai se adequando”, ressalva Betarello.
 
Abe analisa que uma tendência das últimas revisões de PDU é a mistura perfis em uma mesma área, ou seja, equilibrar usos residenciais e comerciais. Alguns bairros, como Mata da Praia, Fradinhos e Ilha do Boi, são mais rígidos, os moradores não permitem a mudança de uma característica residencial. Mas os que misturam residencial e comercial permitem que moradores deixem os carros na garagem para atividades cotidianas.
 
Confira abaixo o cronograma das audiências para revisão do PDU.
 
Regional 1 (Centro)
 
Bairros: Centro, Moscoso, Fonte Grande, Forte São João, Parque Moscoso, Piedade, Santa Clara e Vila Rubim
Data: 9 de março, a partir das 19h, no auditório do Centro de Dirigentes Lojistas de Vitória (CDL), Rua Governador Bley, 155, Centro
 
Regional 2 (Santo Antônio)
 
Bairros: Ariovaldo Favalessa, Bela Vista, Caratoíra, Cabral, Quadro, Estrelinha, Grande Vitória, Ilha do Príncipe, Inhanguetá, Mário Cypreste, Santa Tereza, Santo Antônio e Universitário.
Data: 11 de março, a partir das 19h, no Tancredão, Rua Rosilda Falcão dos Anjos, 150, Mário Cypreste
 
Regional 3 (Bento Ferreira)
 
Bairros: Bento Ferreira, Consolação, Cruzamento, de Lourdes, Fradinhos, Gurigica, Horto, Ilha de Santa Maria, Jesus de Nazareth, Jucutuquara, Monte Belo, Nazareth e Romão
Data: 16 de março, a partir das 19h, no auditório da Prefeitura de Vitória, na Avenida Marechal Mascarenhas de Moares, 1927, Bento Ferreira
 
Regional 4 (Maruípe)
 
Bairros: Andorinhas, Bonfim, da Penha, Itararé, Joana D’Arc, Maruípe, Santa Cecília, Santa Martha, Santos Dumont, São Benedito, São Cristóvão e Tabuazeiro
Data: 18 de março, a partir das 19h, no auditório da Casa do Cidadão, na avenida Maruípe, 2544, Maruípe
 
Regional 5 (Praia do Canto)
 
Bairros: Barro Vermelho, Enseada do Suá, Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Praia do Suá, Santa Helena, Santa Lúcia e Santa Luíza
Data: 23 de março, a partir das 19h, na Escola Estadual Fernando Duarte Rabelo, Praça São Cristóvão Jaques, 260, Santa Helena
 
Regional 6 (Goiabeiras)
 
Bairros: Aeroporto, Antônio Honório, Goiabeiras, Jabour, Segurança do Lar, Solon Borges e Maria Ortiz
Data: 25 de março, a partir das 19h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Marechal Mascarenhas de Moraes, na Rua Jerônimo Vervloet, 560, Maria Ortiz
 
Regional 7 (São Pedro)
 
Bairros: Comdusa, Conquista, Ilha das caieiras, Nova Palestina, Redenção, Resistência, Santo André, Santos Reis, São José e São Pedro
Data: 30 de março, a partir das 19h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria José Costa Moraes, Rodovia Serafim Derenzi, 4449, São José
 
Regional 8 (Jardim Camburi)
 
Bairro: Jardim Camburi
Data: 1 de abril, a partir das 19h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Elzira Vivácqua dos Santos, na Rua Italina Pereira Motta, 501, Jardim Camburi
 
Regional 9 (Jardim da Penha)
 
Bairros: Morada de Camburi, República, Mata da Praia, Jardim da Penha, Boa Vista e Pontal de Camburi
Data: 6 de abril, a partir das 19h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Eber Louzada Zipinotti, Rua Natalina Daher Carneiro, 815, Jardim da Penha

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