Motoristas e trocadores que atuam no sistema de transporte coletivo da Grande Vitória decidiram suspender a greve que seria iniciada na próxima segunda-feira (2). A decisão foi tomada depois de acordo firmado em audiência realizada na sede do Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo (TRT-ES). O encontro foi solicitado pela presidente do Tribunal, Ana Paula Taucedo Branco, depois que rodoviários publicaram um edital de greve na última quinta-feira (28). Após a decisão dos trabalhadores, o sindicato patronal, GVBus, também ingressou na Justiça pleiteando liminar para que motoristas e cobradores mantenham 100% da frota circulando e que não haja depredação de coletivos e obstrução de ruas.
Além dos dois sindicatos mais um terceiro participou da audiência, também patronal, o Setpes. O acordo firmado no TRT-ES prevê que trabalhadores e empresários do transporte façam um rodada de negociação de três dias para tentar chegar num acordo.
Aprovada em assembleia nessa quarta-feira (27), motoristas e cobradores tinham decidido paralisar suas atividades a partir da zero hora e um minuto da próxima segunda-feira, pleiteando um reajuste de 9%. Nas negociações, até então, foi oferecido 2,5%.
A categoria seguiu o protocolo determinado pela legislação com a publicação do “Edital de Greve, Aviso à População” em jornal de grande circulação. Assinado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado (Sindirodoviários-ES), José Carlos Sales Cardoso, o documento expressou que “a greve é resultado da posição intransigente e recalcitrante da classe patronal, que resultou na frustração das negociações coletivas com vistas à formalização de instrumento normativo de trabalho para vigorar no período de 1.11.2019 a 31.10.2020”.
Segundo o edital, iriam paralisar suas atividades os profissionais que atuam no sistema de transporte público coletivo de passageiros da Grande Vitória, o Transcol, e dos sistemas municipais de Vitória e Vila Velha. Também os ônibus seletivos, o Mão na Roda e o Porta a Porta.
A decisão foi tomada em Assembleia Geral Extraordinária. A categoria se comprometeu, por sua vez, em manter 30% da frota em circulação “respeitando os direitos e garantias fundamentais da coletividade”, conforme texto do edital.
Sistema parou em agosto
Será mais uma paralisação de diversas realizadas recentemente. Em agosto deste ano, os rodoviários protestaram contra os ônibus com ar-condicionado do Sistema Transcol que começaram a circular sem a presença dos cobradores. A categoria ainda teme o desemprego dos profissionais. Na ocasião, de acordo com estimativa do Governo do Estado, do total da frota de 1.500 ônibus, apenas 50 circularam na manhã do primeiro dia de movimento, em 12 de agosto, uma paralisação que afetou cerca de 95% do transporte público metropolitano, apesar de uma decisão judicial que estabelecia que 75% da frota em circulação, sob pena de multa de R$ 150 mil por dia.
“Sem cobrador não roda. Segunda-feira, 12 de agosto, vamos parar tudo”. Esse foi o aviso publicado nos dias anteriores ao movimentos nas redes sociais do Sindirodoviários-ES, após decisão da categoria por deflagrar greve por tempo indeterminado em defesa dos postos de trabalho dos cobradores. O secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Fábio Damascesno, por sua vez, tem garantido que não haverá demissões de trocadores. Segundo ele, todos os empregos serão mantidos, e haverá requalificação desses profissionais para outras atividades.
Em fevereiro deste ano, novo movimento. Dessa vez, motoristas e trocadores das empresas Santa Zita, cuja garagem fica em Viana, Praia Sol e Vereda paralisaram suas atividades contra a implantação da jornada reduzida de cinco horas, o que diminui os salários e benefícios dos trabalhadores. No conjunto, a paralisação das três empresas afetou mais de 20 mil usuários do Sistema Transcol de Viana, Cariacica, Vila Velha e até da Serra, além dos serviços de Seletivo e Mão na Roda.
Dados sobre o Sistema Transcol indicam uma frota e 1.500 veículos, com 12 mil viagens por dia, transportando 570 mil passageiros/dia em cerca de 300 linhas.