Dos 1.444 ônibus da frota do Transcol na Grande Vitória, 140 já receberam as chamadas roletas altas, instaladas para evitar que as pessoas pulem a roleta e não paguem a passagem.
Instaladas unicamente para evitar que os passageiros usem os ônibus sem pagar, as roletas altas têm seus efeitos colaterais. Dificulta a passagem de muitos passageiros que paga a passagem.
Em alguns casos, para pessoas com mais massa corporal, a passagem pela roleta alta é quase impossível. Também as pessoas com crianças no colo, ou com embrulhos, pagam uma conta da qual não são devedores.
Além de dificultar as passagens da maioria dos passageiros, as roletas altas têm eficácia relativa. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus), o equipamento registrou redução de 89% na incidência de pulos. Há casos em que pessoas com pouco peso e muita flexibilidade, passam entre a roleta de baixo e a de cima.
O GVBus informa que toda a frota em operação na Grande Vitória será equipada com roletas altas. Mas minimiza, informando que isso será aos poucos. O número previsto destas roletas a serem instaladas este ano não foi informado pelo GVBus.
O GVBus também dá seus pulos. Diz que há uma média de 100 mil pulos de roleta por mês nos coletivos do Sistema Transcol, não informando como chegou a estes cálculos. Diz contabilizar que o total de pulos representa um prejuízo mensal de R$ 320 mil e R$ 3,84 milhões por ano.
As roletas altas têm custo de R$ 2 mil, aproximadamente, dependendo do fabricante, como informa o GVBus. O dinheiro será embutido no preço das passagens.
As catracas estão em uso em ônibus do sistema Transcol há cerca de sete meses. As catracas altas foram um achado para as empresas, que começaram a fazer suas instalações nos coletivos.
O sindicato admite que “com relação à reação dos passageiros, não realizamos nenhuma pesquisa sobre isso”. Mas acrescenta: “Porém, observamos no dia a dia e em matérias publicadas pela mídia que uma grande parte dos usuários do sistema aprova o equipamento, já que ele aumenta a sensação de segurança e reduz a evasão de receita”.
Vitória em sintonia
Já o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Setpes) afirma que a evasão de receita em Vitória é de aproximadamente R$ 8 milhões. Em Vitória, aproximadamente 2.100 pulos de roleta por dia nos ônibus municipais, informa o sindicato, que não diz como apurou estes dados.
“Por enquanto, seis carros receberam a catraca. Até abril de 2018 está prevista a instalação em 50 coletivos”, informa o Setpes. Segundo o sindicato, a frota atual de Vitória é composta por 206 veículos, com uma idade média de seis anos.
O Setpes se queixa de que “a evasão de receitas é um problema que vai além do pulo de roleta. O percentual total com as diferentes formas de evasão chega a 10% do faturamento das empresas. É um prejuízo alto: R$ 600 mil por mês e cerca de R$ 8 milhões ao ano”, se queixa o sindicato.