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Sarau Palmarino celebra 1 ano de existência com edição comemorativa

Fotos: Divulgação

A inspiração veio do sarau realizado há mais de 10 anos pelo Círculo Palmarino de Embu das Artes (SP). Mas a construção buscou um formato que tome em conta a realidade capixaba. Com 10 edições já relizadas em Vitória, o Sarau Palmarino se consolidou como um momento de encontro e confluência do movimento negro da região metropolitana do Espírito Santo. Neste sábado, acontece a edição comemorativa de um ano do projeto no Bar da Zilda, Centro de Vitória, considerado um espaço de resistência da cultura negra.

Na ocasião do primeiro aniversário do projeto em Vitória, sobem ao palco como convidados especiais o projeto Pretaô e a cantora Cinthia Caetano. Porém, a tônica do projeto é o palco livre, abrindo espaço para que qualquer pessoa possa se manifestar artisticamente. Um dos coordenadores do projeto, Winny Rocha, considera que a experiência do sarau tem estimulado muitos artistas negros a apresentarem suas poesias, músicas, danças, trazendo a público materiais e propostas que haviam ficado guardados e encontraram um espaço adequado e acolhedor para serem apresentados. Outros que estavam com sua produção parada, também sentiram estimulados a voltar a realizar produtos culturais e autorais.

Arte e política parecem indissociáveis num espaço de expressão como o Sarau Palmarino. Não só o Círculo Palmarino como outras entidades do movimento negro e pessoas não-organizadas em grupos costumam comparecer aos encontros mensais. “Há pessoas que acabam entrando para um movimento organizado a partir do sarau. Que tinham alguma noção do debate racial mas não tinham espaço para falar e ouvir. Acabam se engajando em outros movimentos a partir do sarau, que serve como porta de entrada para novos militantes do movimento negro”, afirma Winny.

Neste momento político, a ação cultural é ainda mais importante. Não só pela necessidade de fortalecer a resistência a políticas que impactam diretamente na população negra, como a Reforma da Previdência ou o Pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro. “O sarau se torna um grande fórum, uma plenária para a gente falar e se ouvir, pensando a realidade atual”, considera o coordenador. Diante de tanto retrocesso, é preciso pensar também as estratégias de autocuidado, já que a saúde física e mental da população negra são fortemente afetadas. “Temos que nos fortalecer, saber como cada um está e estimular que os artistas negros se expressem”.

Outro aspecto importante dos saraus são as homenagens, realizadas a cada edição a membros importantes da luta do povo negro capixaba em diversos campos de atuação, que recebem um reconhecimento público por sua trajetória e dedicação. Na edição de aniversário, a coordenação do Círculo Palmarino está tentando reunir todos os dez já homenageados. E o décimo primeiro será justamente aquele que desenhou os troféus dos anteriores: o artista Irineu Ribeiro, que realiza esculturas de barro usando as técnicas tradicionais. Para sua homenagem, Irineu receberá um prêmio confeccionado pela artista Castiel Vitorino.

“As homenagens fazer um resgate da memória do movimento negro, fazendo uma reverência e buscando fortalecer com ânimo estas pessoas há tanto tempo na luta, e por outro lado inspira a juventude que não conhecia esses nomes. Às vezes com a velocidade das informações achamos que estamos inventando a roda, mas só readequamos o saber que vem desde os tempos dos quilombos”. A palavra quilombo, aliás, é recorrente no espaço, como referência de espaço afetivo, cultural e político, de resistência. O slogan da próxima edição é “Destruindo senzalas, construindo quilombos”.

Além disso, comemorando o aniversário do Sarau Palmarino, o Bar da Zilda contará com uma exposição de fotografias com registros dos dez encontros já realizados. E, claro: vai ter bolo, garantem os organizadores. Além das bebidas, comidas e a Caixa de Livros que estreou na última edição, com o objetivo de trocar e fazer circular obras literárias entre os participantes do sarau.

AGENDA CULTURAL

Sarau Palmarino – edição de aniversário

Quando: Sábado (03/08), 15h

Onde: Bar da Zilda – Rua Maria Saraiva – Centro de Vitória/ES

 

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