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‘Se não houver manutenção, novamente haverá alto custo para recuperar’

Viaduto Caramuru, no Centro de Vitória, será restaurado, mas Amacentro destaca a necessidade de manutenção constante

A assinatura da ordem de serviço para dar início às obras de restauro do Viaduto Caramuru, no Centro de Vitória, foi bem recebida pela Associação de Moradores do Centro (Amacentro), mas a entidade quer ir além. Para a Associação, é necessário fazer manutenção constante do monumento. “Serão investidos R$ 841 mil no restauro. Vai ficar bonito, mas se não tiver manutenção, novamente haverá alto custo para recuperar”, diz o presidente da Amacentro, Lino Feletti.

PMV

O líder comunitário recorda que a última restauração feita no Viaduto foi na primeira gestão do então prefeito João Coser (PT). De lá para cá, o monumento ficou abandonado. Um dos poucos investimentos feitos nele foi a instalação de refletores, a pedido da associação de moradores, pois a falta de iluminação no local fazia com que a insegurança aumentasse. Para Lino, é preciso fazer manutenção semestralmente ou anualmente. “Não precisa muita coisa, basta uma equipe de profissionais, uma escada, um rolo e uma lata de tinta, por exemplo”, diz.

Para Lino, a obra significa “valorização de um monumento público de referência histórica”. “o Viaduto chegou na situação em que está hoje por causa do desleixo das últimas gestões”, diz, referindo-se aos dois mandatos do ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e ao segundo de João Coser. O prazo para a conclusão da obra é de 180 dias. Serão feitas manutenção e recuperação do tabuleiro, adornos, postes, muros de arrimo e do pavimento de concreto do viaduto; os trilhos remanescentes serão mantidos e recuperados, além de receber tratamento anticorrosivo.

Também será realizada a reconstrução do pavimento da calçada; recuperação dos postes metálicos; encurtamento da travessia de pedestres; retirada da camada asfáltica; recuperação/limpeza do paralelepípedo original das Ruas Caramuru, São Francisco e Francisco Araújo; instalação de iluminação cênica, aquela que dá destaque ao monumento, como a instalada no Palácio Anchieta, por exemplo. O local receberá manutenção e melhoria da camada asfáltica da Avenida Cleto Nunes e ruas General Osório e Cais de São Francisco. Os percursos ganharão áreas ajardinadas e arborizadas e de mobiliário urbano.
História
O Viaduto Caramuru foi criado na gestão do governador Florentino Avidos como um dos projetos de modernização do Centro de Vitória, assim como outras obras, a exemplo do prédio onde hoje funciona o Museu de Arte do Espírito Santo (Maes). O historiador e vice-presidente da Amacentro, Wallace Bonicenha, afirma que ali passaria o bonde, mas acabou virando “uma peça decorativa”, isso porque o monumento foi mal projetado, não suportando o peso do veículo e impossibilitando que ele fizesse a curva.
Google Maps

Conforme explica, o nome Caramuru remete a uma época em que Vitória era dividida em dois grupos: peroás e caramurus. Wallace relata que, em 1832, a irmandade de São Benedito do Convento de São Francisco foi impedida de fazer a procissão em devoção ao santo negro. No ano seguinte, foi permitido o festejo, mas sem a imagem sacra, que deveria permanecer na igreja. Parte da irmandade, então, roubou a imagem do santo e a levou para a Igreja do Rosário, constituindo uma nova irmandade.

Na época, segundo o historiador e vice-presidente da Amacentro, havia um partido chamado Partido Caramuru, formado por conservadores, que defendia que o Brasil voltasse a ser colônia. A irmandade criada após o roubo da imagem passou a chamar a do Convento de São Francisco de Caramurus, que, por sua vez, apelidaram o grupo opositor como peroás, por se tratar, na época, de um peixe de pouco valor.

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