Mais um grave acidente registrado na BR 101 na última sexta-feira (17), na altura do município de Pedro Canário, no extremo norte capixaba, colocou em evidência a situação da rodovia mais perigosa do Estado: a BR-101, que liga o estado ao sul, com o Rio de Janeiro e, ao norte, com a Bahia, e que é administrada pela concessionária ECO 101.
Dessa vez, foram dois mortos e 26 feridos, todos trabalhadores rurais, que estavam em um ônibus e um carro de passeio. Detalhe: caso a duplicação da rodovia (que já deveria estar concluída) tivesse sido cumprida, boa parte dessas mortes, ocasionadas por colisão frontal por falta de área de escape, poderia ter sido evitada.
Foi este, mais uma vez, o motivo das mortes. Por volta das 6h de sexta, um Fiat Uno que seguia para a Bahia com cinco trabalhadores rurais, ao entrar numa curva, invadiu a contramão batendo na roda do ônibus, que desceu a ribanceira. O coletivo, por sua vez, transportava 42 trabalhadores rurais que vinham de Itabotã, na Bahia, para colheita de café em Pinheiros, norte Capixaba.
O motorista e carona do Fiat Uno morreram na hora. Já os demais três integrantes do veículo foram levados para atendimento no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus. Todos moravam no município capixaba de Pinheiros e trabalhavam como embaladores de mamão na cidade baiana de Teixeira de Freitas.
A BR 101 é considerada a rodovia da morte e não é por acaso. Nos primeiros seis meses deste ano, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), das 55 mortes registradas em todas as estradas federais capixabas, a impressionante soma de 41 foram apenas na 101, o que significa que a extensão concentra quase 75% de todos os óbitos. Além de 1.049 feridos em 904 acidentes.
O trecho sul da 101, até a divisa com o Rio de Janeiro, é o mais violento da rodovia. Nos seis primeiros meses deste ano, foram 24 mortes em 286 acidentes, com 304 feridos. No norte, por sua vez, da Serra, na Grande Vitória, até a divisa com a Bahia, foram 17 mortes e 745 feridos em 618 acidentes.
Sem duplicação
De acordo com acordos firmados pela ECO 101 com o Estado, como condicionante para administrar a rodovia, de janeiro de 2012 a janeiro de 2018, a concessionária deveria ter duplicado 236 quilômetros da estrada.
Até o início deste ano, no entanto, nenhum trecho ainda havia sido totalmente duplicado. E, no momento, as obras seguem em ritmo lento. Em Ibiraçu, onde ocorreu um grave acidente nesta semana, as obras transcorrem entre os quilômetros 218 e 219 no trecho da Curva do Mosteiro.
Também já foi denunciado que o grupo, além de não cumprir a obrigação de duplicar vários trechos onde o tráfego é intenso, foge da responsabilidade criminal pelas mortes em acidentes.
Acidentes na BR 101 – jan a jun 2018
41 mortes
904 acidentes
336 feridos graves
713 feridos leves
Acidentes em todas as BRs capixabas – jan a jun 2018
55 mortes
1.237 acidentes
468 feridos graves
998 feridos leves.