O vereador de Vitória Serjão Magalhães (PSB) considera o projeto de expansão do Shopping Vitória, na Enseada do Suá, “interessante”, mas para ele falta um diálogo mais amplo com a sociedade. O socialista acompanhou os debates da audiência pública que apresentou o Plano de Uso e Ocupação da Enseada do Suá, na última terça-feira (13), num dos cinemas do Shopping Vitória.
Ele ressaltou a necessidade de apresentação dos pareceres técnicos de impactos pela prefeitura de Vitória e do laudo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para que o debate seja continuado. “É importante que seja levado em conta a vizinhança da região e para isso é preciso fornecer mais informação, como é o caso da análise do Iphan, fundamental na proteção dos patrimônios históricos”, pontuou.
Presente na audiência, o secretário de Desenvolvimento de Vitoria Kleber Frizzera, não conseguiu responder aos questionamentos do vereador e nem da população sobre os impactos do projeto. Faltaram números sobre o inchaço populacional que o empreendimento causará à região. A prefeitura também não apresentou uma única projeção sobre os impactos viários que as novas obras geraram à vizinhança do Shopping.
Também não foi apresentado pelo empreendedor nem pela prefeitura de Vitória o laudo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O órgão só recebeu o projeto para conhecimento seis dias antes da audiência, impossibilitando os técnicos de analisarem criteriosamente o projeto.
Segundo Frizzera, a área cujo Shopping Vitória pretende expandir e construir outras edificações multidisciplinares é uma Zona Equipamento Especial 8, Nas zonas com essa classificação (ZEE-8), o zoneamento deve ser definido pelo proprietário, no caso o Grupo Buaiz. E, para isso, já foram exigidos os estudos necessários para debater o projeto, conforme estava anunciado no folheto promocional do empreendimento.
“A proposta é que no mínimo a nova administração discuta o projeto, porque é dentro do futuro que a população deseja que deve ser enquadrado todo e qualquer projeto nesta cidade”, alertou o economista Arlindo Villaschi, que também participou da audiência. Ele cobrou uma posição mais imparcial da prefeitura no fornecimento dados técnicos que possam respaldar a discussão.
Repercussão
Os leitores de Século Diário que acompanham a discussão, comentaram a audiência pública na matéria publicada pelo jornal na última quarta-feira (14). A maioria dos comentários critica a parca prefeitura na discussão e desaprova o projeto.
“Muito estranho o fato dos Secretários de Transporte [Fábio Damasceno] e de Desenvolvimento [Kléber Frizzera] estarem presentes para defender um projeto particular, que obviamente inchará ainda mais o município, dificultando a mobilidade urbana de todos na Grande Vitória”, disse o leitor Nestor Cinelli.
Já o leitor Antonio Carlos Mosquito questionou a legitimidade da discussão sobre os projetos futuros. “Sinto que o poder público errou em levar para a audiência para a casa do empreendedor”, disse ele.
“É também importante frisar que ficou muito óbvio que 90% das pessoas presentes (sendo que os outros eram 10% funcionários do Shopping Vitória” disseram não ao projeto inteiro”, disse Alessandro Chakal.
Em outro comentário foi frisado uma leitora ressaltou a presença do Ministério Público Federal na audiência, que em sua manifestação oral afirmou que antes de alterar o zoneamento da ZEE-8 para atender aos interesses do Grupo Buaiz, deverão ser realizadas quantas audiências se fizerem necessárias até o completo esclarecimento da população de Vitória.