Entidade quer apresentar os impactos econômicos e sociais no Estado das mudanças no Banco do Brasil
Na próxima semana, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários) irá intensificar o diálogo com parlamentares capixabas, bem como com prefeitos e a gestão de Renato Casagrande (PSB), para apontar os impactos que a reestruturação do Banco do Brasil pode trazer para o Estado. A ação foi deliberada na plenária realizada nessa quinta-feira (11), devendo ser feita também por entidades sindicais que representam a categoria em todo o restante do país.
A diretora do sindicato, Maria Gorete Barone, afirma que esse diálogo já começou, tendo sido feito até o momento com o prefeito de Colatina, Guerino Balestrassi (PSC); a deputada estadual Iriny Lopes (PT), o deputado federal Helder Salomão (PT); e a assessoria do deputado federal Ted Conti (PSB). Todos eles receberam uma carta por meio da qual os trabalhadores do Banco do Brasil destacam os impactos econômicos e sociais da reestruturação.
No documento, o sindicato informa que, no Espírito Santo, de acordo com informações preliminares repassadas pelo banco, a reestruturação pode afetar 17 agências, sendo que oito ou nove podem ser fechadas, outras quatro convertidas em postos de atendimento, e mais quatro transformadas em Lojas BB, nas quais não há guichês de caixa. A entidade afirma que a instituição financeira tem papel estratégico no desenvolvimento econômico e social do país, sendo o principal financiador da agricultura familiar.
“No Espírito Santo, 75% das propriedades agrícolas são de base familiar, de acordo com último Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2017. São cerca de 80.775 propriedades e 213.557 trabalhadores envolvidos. O fechamento de agências do BB representa, portanto, um forte impacto social e econômico principalmente nessas comunidades dependentes da agricultura familiar e pode representar o fim de muitos negócios locais”, diz o documento.
O sindicato aponta que o fechamento de agências e a transformação de outras em Lojas do BB ou postos de atendimento reduzirão e até mesmo representam o fim da oferta de serviço bancário para a população, principalmente nas pequenas cidades, onde muitos recebem atendimento bancário somente em unidades físicas do BB. “É inegável que o investimento em tecnologia facilita o acesso a esse tipo de serviço, com a oferta de atendimento via internet. No entanto, é preciso considerar a dificuldade que boa parte dos brasileiros ainda tem no uso das novas tecnologias, além do acesso restrito a elas”, defende o documento.
O Sindibancários denuncia que, desde o dia 11 de janeiro, quando foi anunciada a reestruturação, os bancários trabalham sob o clima de medo, apreensão e indignação. “O descomissionamento da função de caixa reduzirá drasticamente o salário dos funcionários afetados. O fechamento e a transformação de agências resultarão ainda na transferência forçada de muitos bancários para outras cidades ou até mesmo estados”, diz.
Além da entrega da carta, foi deliberada na plenária a manutenção do estado de greve. Gorete informa que, na próxima sexta-feira (19), haverá um ato, mas, como ele irá acontecer, será decidido em uma nova plenária, na véspera. A reestruturação prevê demissão de mais de 5 mil funcionários, o fechamento de 361 unidades, entre agências e postos de atendimento; e o descomissionamento dos caixas e de outros bancários que exercem funções comissionadas.
Negociações com o Banco do Brasil
Os trabalhadores do Banco do Brasil já fizeram duas paralisações contra a reestruturação. Depois disso, a instituição financeira deu início às negociações, que começaram nessa segunda-feira (8). Entretanto, afirma Maria Gorete, elas não avançaram devido à intransigência do banco. O BB propôs prorrogar a gratificação dos caixas para o dia 9 de abril, o que não foi aceito pela categoria.
O banco exigiu, ainda que, fossem retiradas todas as ações contra o fechamento de agências e também aquelas relativas à retirada da gratificação dos caixas. Gorete afirma que a proposta não atende à demanda dos bancários.