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Sociedade civil se manifesta contra reabertura de shoppings e pede lockdown

Entidades consideram grave a flexibilização diante da taxa de ocupação de leitos de UTI no Estado

A reabertura dos shoppings no Espírito Santo, que começa nesta segunda-feira (1), fez com que a sociedade civil divulgasse um manifesto contra a flexibilização da atividade e pelo lockdown. Assinado por mais de 60 entidades, o documento destaca a gravidade da reabertura dos shoppings em um contexto em que o Brasil está sendo considerado o epicentro global da pandemia do novo coronavírus e em que o Espírito Santo registra praticamente 90% dos leitos ocupados.

Segundo a militante do Fórum Capixaba de Lutas Sociais, uma das entidades que assina o manifesto, Ana Heckert, a relação com a sociedade civil está frágil. “O governo não chama as entidades para conversar. Só recebe algumas quando estas o procuram. E assim mesmo não sabemos dizer se todas são recebidas. Mas as respostas têm sido muito lentas e não atendem às demandas dos grupos mais vulneráveis”, diz. 

Ana afirma que se o governo ouviu a Federação das Indústrias (Findes) e a Federação do Comércio (Fecomércio), não há motivos para não ouvir os sindicatos e entidades. “Os especialistas não indicam flexibilização neste momento e o governo, para aquecer a economia, expõe nossas vidas nas vitrines dos shoppings?”, questiona.

Heider Boza, militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), entidade que também assina o manifesto, salienta que o documento é uma forma de a sociedade civil marcar seu posicionamento. 

“O que temos visto é uma burguesia que faz de tudo para afrouxar o isolamento. A Findes, por exemplo, se pronunciou dizendo que não há necessidade de lockdown e sim de alguns cuidados para não haver contágio. Ainda falou que a sociedade precisa contribuir para isso, pois se a economia parar haverá custos para a sociedade. Eles simplesmente tiram a responsabilidade do governo do Estado e do empresariado e jogam nas costas da sociedade civil”, critica. 
Segundo o manifesto, é espantoso que o governador Renato Casagrande (PSB) desconsidere a Nota Técnica Nº 3, emitida pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), coordenado por pesquisadores da Universidade Federal do Estado (Ufes) e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), e que subsidia tecnicamente a Sala de Situação de Emergência em Saúde Pública. A nota alerta que é preciso manter o isolamento social, caso contrário, o Estado perderá, até 15 de junho, pelo menos 1.327 vidas para a Covid-19.
Para as entidades que assinam a nota, a abertura parcial do comércio, que começou em 11 de maio, contribuiu para que o Espírito Santo tivesse 5.893 novos infectados até o dia 29 de maio, com óbitos crescentes. Sendo assim, elas acreditam que a reabertura dos shoppings pode agravar essa situação e exigem a adoção do lockdown. “Só a prevenção e a ciência levada a sério pelos governantes evitarão que milhares de capixabas percam a vida”, diz o manifesto, ao destacar que o Dório Silva, na Serra, um dos hospitais da rede de atendimento, está com praticamente 90% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. 
Para as entidades, “é lamentável, triste e apavorante que justamente neste momento o governo estadual pense em afrouxar as medidas de isolamento social, sucumbindo à pressão de empresários e grupos de extrema direita que vociferam contra o isolamento social, demonstrando que não possuem nenhum respeito ou sensibilidade diante da dor e das mortes causadas pela pandemia”. 
O Manifesto também aponta exemplos de ações que poderiam ser adotadas pelo Governo do Estado em meio à pandemia, como o consórcio de governadores do Nordeste, que, no final de março, formou um comitê científico.

“Além do lockdown, o comitê criou um aplicativo, o Monitora, que mostra em tempo real onde estão os casos suspeitos. Com isso, atuaram na base, nos bairros, enviando equipes (incluindo agentes de saúde da família), realizando testes, entrevistas aprofundadas, para ver se a pessoa realmente estava com o novo coronavírus. A partir daí, instruíam como deveria se comportar, se tratar e, se fosse necessário, encaminhá-la ao hospital”, destaca o manifesto.


Assinaturas

Entre as entidades que assinam o manifesto estão, além de sindicatos de diferentes áreas, lideranças comunitárias e religiosas, a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme); Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD/ES); Associação de Juízes para a Democracia (AJD/ES); Associação de Mulheres Unidas da Serra (AMUS); Associação dos Docentes da Ufes (Adufes); Associação Indígena Tupiniquim e Guarani (AIGT); Associação Intermunicipal Ambiental em Defesa do Rio Formate e seus Afluentes (Asiarfa); Associação Nacional dos Servidores Públicos Federais Agrários; Associação Padre Gabriel Maire em defesa da vida (APGM), Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro); AfirmAção Rede de Cursinhos Populares; Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Pública – Central do Servidor.

E ainda: Conselho Estadual de Juventudes (Cejuves), Centro de Apoio aos Direitos Humanos (CADH); Círculo Palmarino; Centro Acadêmico Professor Marcelo Minozzo Engenharia de Pesca do Ifes – Campus Piúma; Centro de Estudos Bíblicos do ES (Cebi); Comunidade Presbiteriana de Vitória – Reverendo Cláudio Soares Chagas; Conselho Estadual de Educação do Campo (Comeces); Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic); Conselho Regional de Psicologia do ES – 16ª Região; Conselho Regional de Serviço Social 17ª Região (CREES/ES); Coordenação Quilombola Estadual Zacimba Gaba; Cursinho Popular Tereza de Benguela; Diretório Acadêmico “Rubens Paiva” – Ifes Alegre; Diretório Acadêmico Zacimba Gaba – Ifes Vila Velha; Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufes; Fórum de Mulheres ES; Fórum Estadual LGBT/ES; Movimento Comunitário da Fonte Grande; Observatório de Direitos Humanos e Justiça Criminal do Espírito Santo (ODHES/Ufes).

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