Os trabalhadores dos Correios, incluindo os que atuam nas agências do Espírito Santo, aprovaram uma greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (11). A decisão foi tomada em assembleias em diversos pontos do país na noite dessa terça (10). A categoria reivindica reajuste salarial de 3,25%, manutenção de benefícios, como a permanência de pais e mães no plano de saúde e coparticipação, além de continuidade de percentual de férias e vales alimentação e refeição. Os trabalhadores também são contrários ao projeto de privatização, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para “baratear os processos”.
De acordo com a Federação Interestadual dos Sindicatos dos trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios, todos os estados aderiram à greve, incluindo os 36 sindicatos de trabalhadores dos Correios, que aderiram à paralisação. Pelo Twitter, os Correios afirmaram que a paralisação não afetará a população. O Espírito Santo tem, atualmente, cerca de 1770 trabalhadores dos Correios.
Piquetes e passeatas
Já a partir da manhã desta quarta-feira (11), os trabalhadores começaram a realizar piquetes na porta das unidades dos Correios. Houve paralisação em toda a Região Metropolitana e em diversas cidades do interior e a expectativa é de que o movimento ganhe mais adesão nos próximos dias, forçando a empresa a retomar as negociações. Também foi realizada uma assembleia de avaliação do primeiro dia de greve, em que os trabalhadores aprovaram manter a paralisação.
Na próxima quinta-feira (12), o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares (SINTECT-ES) realizará uma passeata no Centro da capital para continuar a mobilizar os trabalhadores e dialogar com a população sobre a importância dos Correios. A concentração para este ato está marcada para as 10 horas na Casa Porto, no início da Avenida Jerônimo Monteiro.
Em Nova Venécia também haverá um ato unificado de trabalhadores dos Correios de toda a região (Barra de São Francisco, Vila Pavão, Boa Esperança, Pinheiros e Nova Venécia) às 9h30 na praça da cidade, em frente à agência de Correios.
Comunicado
No Espírito Santo, a empresa enviou um comunicado, afirmando que se recusou a negociar um novo Acordo Coletivo e a única pauta apresentada foi a de retirada de direitos. “A empresa alega que compareceu a 10 reuniões, mas, além de descumprir o calendário e adiar a apresentação do índice econômico, o que aconteceu foi uma manobra para adiar as discussões para depois da data-base da categoria, que é em agosto. Mesmo com a mediação do TST, a empresa não recebe os representantes dos trabalhadores há mais de 40 dias e se nega a negociar, pois insiste em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais”, diz o comunicado.
E completa: “A truculência do general Floriano Peixoto, escolhido diretamente pelo presidente Bolsonaro para comandar os Correios no processo de privatização, já fartamente defendido por todo o Governo não é por acaso. Tanto a base governista, quanto a direção dos Correios têm interesse em usar a greve para desgastar a imagem dos trabalhadores. Querem, inclusive, censurar os trabalhadores, proibindo de falar sobre a empresa, o que por consequência também impediria de debater publicamente os reais motivos que levaram à construção do atual movimento grevista”.