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Trabalhadores fazem carreata e cobram debate sobre estadualização da Codesa

Pedido de estadualização, negado pelo Governo Bolsonaro, foi reforçado em frente ao Palácio Anchieta

Suport-ES

Com uma carreata que percorreu as ruas de Vila Velha e Vitória, trabalhadores da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) se manifestaram nesta quinta-feira (13) contra a privatização dos portos públicos. 

O trajeto do comboio de cerca de 50 carros saiu do porto de Capuba, em Paul, Vila Velha, passou pela Ilha dPríncipe, seguiu rumo à sede administrativa da Companhia, na Enseada do Suá; e findou em frente ao Palácio Anchieta, no Centro da capital

A carreata foi organizada pelo Sindicato Unificado da Orla Portuária (Suport-ES), Sindicato da Guarda Portuária no Estado do Espírito Santo (Sindguapor-ES) e Intersindical Portuária, que contempla estivadores, conferentes, arrumadores e vigias portuários. 

A escolha do Palácio para o término da manifestação, segundo o presidente do Suport-ES, Ernani Pereira Pinto, foi motivada pelo pedido de estadualização da Codesa por parte do Governo Renato Casagrande (PSB) no início de seu mandato para manter os portos públicos, e que foi negado pelo governo Bolsonaro (sem partido). “O governo federal não aceitou e não houve mais tentativa do governo estadual e dos parlamentares para estadualização. Fomos até lá para deixar claro que esse debate deve ser retomado”, ressaltou.

Além do ato em frente ao Palácio Anchieta, também foram feitos atos na Ilha do Príncipe e em frente à sede administrativa da Codesa. Ernani aponta que a privatização da Codesa irá prejudicar os trabalhadores, uma vez que acentuará a precarização do trabalho e a intransigência nas negociações com o sindicato. Ele afirma, ainda, que irá gerar malefícios para as empresas que fazem operações portuárias, pois não poderão entrar em disputa de concessão. 

Outro grupo que será prejudicado é o pequeno exportador. “Os pequenos exportadores terão a carga segregada, pois a empresa não vai querer transportar carga de menor valor agregado, como acontece em portos privados do Espírito Santo, como os de Praia Mole e Portocel, e tantos outros pelo país”, relata. Ernani destaca, ainda, que os prefeitos e vereadores de Vitória e Vila Velha, além dos deputados estaduais e federais, deveriam avaliar os impactos da privatização da Codesa no Espírito Santo e nesses municípios. 

Segundo ele, está marcada uma reunião com o presidente da Codesa, Julio Castiglioni, na próxima quarta-feira (19), na qual os trabalhadores irão reivindicar abertura de diálogo com a categoria. Ele destaca também que em breve os trabalhadores farão a avaliação da carreata para elaborar novas manifestações. 

Manifesto 

Na véspera do ato desta quinta, foi divulgado um manifesto por meio do qual 11 entidades expuseram sua insatisfação com a política do governo federal de privatizar os portos públicos do Brasil, a começar pela Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). 
As entidades destacam que o presidente da Codesa, Julio Castiglioni, que assumiu a função em 2019, tem “a única missão de fazer a transição entre o público e o privado”. Para isso, segundo o manifesto, ele tem comandado um processo de sucateamento da Codesa, que engloba ataques aos trabalhadores, com demissões e retirada de direitos. Entretanto, essas investidas, afirmam as entidades, não são somente de agora e ocorrem desde 2016, com a inclusão da Companhia nas Parcerias Público Privadas (PPP).

Denúncias

Não é de hoje que os trabalhadores portuários denunciam a tentativa de privatização dos portos públicos. Desde 2017, ações que podem ser citadas com esse objetivo são o ato público “Abraço ao Porto” e um fórum realizado em Vitória em 2018. Consta ainda uma viagem a Brasília para cobrar do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e de demais parlamentares a participação dos trabalhadores no processo, além de reuniões com vereadores, prefeituras, bancada capixaba, deputados estaduais e setores interessados.

Segundo o presidente do Suport-ES, em dezembro de 2018 a Codesa tinha 316 trabalhadores. No levantamento divulgado pela entidade em fevereiro deste ano, havia 254. As demissões têm sido acompanhadas de outras atitudes, como corte de hora extra, abandono da segurança e inutilização de prédios históricos.

Há ainda problemas com contratos, que têm tido, propositalmente, seus prazos vencidos sem a adoção de medidas para as devidas renovações ou substituições de prestadores de serviços, como os de linhas telefônicas, impedindo até mesmo que funcionários conseguissem falar com o setor de Recursos Humanos, conforme denúncia publicada por Século Diário em março.

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