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Venda de seguradora é entregar patrimônio ‘a preço de banana’

Comitê em Defesa do Banestes realizou manifestação no prédio da administração central do banco, em Vitória

Em manifestação contra a venda da Banestes Seguros (Banseg) na manhã desta sexta-feira (5), a coordenadora geral do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários), Rita Lima, afirmou que vender a seguradora é uma “vontade infame de entregar a preço de banana o patrimônio do povo capixaba”. O protesto, realizado pelo Comitê em Defesa do Banestes Público Estadual, aconteceu na entrada do edifício Palas Center, no Centro de Vitória, onde funciona a administração central da instituição financeira.

Foto: Sérgio Cardoso

“Precisamos mobilizar a população e todos trabalhadores do Sistema Banestes para resistir mais uma vez. O Banestes é importante para o desenvolvimento social e econômico do Espírito Santo. Ele está em todos municípios e traz crédito para os pequenos agricultores, pequenos comerciantes e pequenas empresas”, aponta Rita.

Compareceram ao ato, além dos trabalhadores bancários, representantes de movimentos sociais como o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que enviou pessoas do acampamento Índio Galdino, em Aracruz, no norte do Estado. Também estiveram presentes representantes Central Única dos Trabalhadores (CUT), Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, CSP Conlutas e mandatos da deputada estadual Iriny Lopes (PT) e da vereadora de Vitória Camila Valadão (Psol).

O Comitê, coordenado pelo Sindibancários-ES), é contrário à venda da Banseg pelo fato de a seguradora contribuir com 10% do lucro do Banestes, além de, nos últimos cinco anos, ter repassado cerca de R$ 300 milhões para o governo estadual. Por meio da privatização, a proposta é que o Estado, que hoje detém 92% das ações, venda 51%, tornando-se acionista minoritário.

A presidente da CUT/ES, Clemilde Cortes, fez críticas ao governo Renato Casagrande (PSB). “É inadmissível que um governo que se diz progressista queira privatizar a seguradora, um banco público. Parece que nesse país o que é público não presta, mas o que é público que atende a população mais carente, é com o público que a gente pode contar para defender a vida”, ressalta.

O Comitê em Defesa do Banestes Público Estadual se reuniu em 25 de agosto com o presidente do Banestes, Amarildo Casagrande, quando foi informado que caberia ao Banco Genial a incumbência de indicar, entre as candidatas para assumir a seguradora, qual a empresa mais qualificada para a operação. Desde então, afirma o secretário geral do Sindibancários, Jonas Freire, o banco não tem divulgado nenhuma novidade sobre o assunto.

Nessa mesma reunião, o presidente da instituição financeira se comprometeu a fazer a interlocução entre o Comitê em Defesa do Banestes e o governador Renato Casagrande (PSB), mas não houve retorno. O Comitê já havia encaminhado ofício solicitando uma conversa com o gestor, mas sem sucesso.

A tentativa de privatização do Sistema Banestes é registrada há anos. O banco quase passou por esse processo na gestão do ex-governador José Ignácio Ferreira e no primeiro mandato do ex-governador Paulo Hartung, que tentou vender o banco em uma negociação com o Banco do Brasil. O negócio somente não se concretizou porque o banco se recusou a pagar R$ 1,7 bilhão, oferecendo somente R$ 800 milhões.

Nas eleições de 2018, o assunto foi tema de uma carta-compromisso assinada pelos candidatos ao governo do Estado, incluindo Casagrande, que garantia o controle acionário do Banestes, mantendo-o como patrimônio público e vinculado ao governo estadual. A privatização da seguradora, para a categoria, contradiz o documento e se consolida como manobra e “privatização disfarçada” do banco.

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