Encontro foi na cidade turística Sharm el-Sheikh, no Egito. O que não deixa de ser uma ironia
A Copa Internacional de Futebol está atraindo a atenção de todo mundo. Um outro evento internacional que aconteceu em novembro passou quase despercebido, embora tenha mais relevância para o futuro do planeta. Durante duas semanas em novembro, a ONU reuniu líderes e representantes de 196 países para tentar salvar o planeta que depredamos continuamente. A copa de futebol tem apenas 32 países participantes, e vai durar quatro semanas.
*
Este ano o encontro foi na cidade turística Sharm el-Sheikh, no Egito. O que não deixa de ser uma ironia. Levou o nome de COP Africana, pois teve a boa intenção de discutir os danos climáticos que os países de primeiro mundo (que poluem) provocam nos países mais pobres (que pagam a conta). E os muitos danos que o aquecimento global está provocando na África. Tem festa? Vamos lá! Todos gostam de se reunir em hotéis de luxo, discutir medidas salvadoras, e pôr a culpa nos outros.
*
Os países ricos pagam uma quota de ajuda aos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento – China e Índia não participaram da conferência, e também nada pagam, alegando serem países em desenvolvimento. É isso mesmo: a velha China, que se esforça para se tornar o país mais rico do mundo! O Catar disputa esse título, e essa Copa não é exatamente uma declaração de amor aos esportes, mas um jeito de mostrar ao mundo como são ricos e adiantados. Direitos humanos? O que é isso?
*
O país gastou a ninharia de 229 bilhões de dólares para preparar esse oásis em pleno deserto para o maior evento esportivo do mundo – na opinião de brasileiros e brasileiras. Em 2018, a Rússia gastou 11 bilhões; o Brasil torrou 15 bilhões, em 2014; e a África do Sul 3,6 bilhões em 2010. Não sei quanto o Egito gastou para sediar a conferência do clima, mas ficou no prejuízo: a economia está em baixa e o governo desmoralizado com os protestos políticos que se impuseram por toda parte.
*
O Egito tem perseguido, prendido e executado ativistas pró direitos humanos no país; o Catar tem usado mão de obra escrava – indianos e africanos explorados em condições precárias de trabalho e subsistência, em jornadas que superam 12 horas diárias e alojamentos superlotados. Os passaportes são confiscados e os salários retidos para evitar que abandonem os empregos. A Conferência do Clima não nos deu esperanças de um mundo melhor, com o aquecimento global devidamente controlado, mas ficou registrada como a COP dos direitos humanos. A voz do povo: foi a pior COP em 30 anos!
*
Sem pretender estragar a alegria da festa e as esperanças de abocanharmos o cobiçado troféu, informo que estudos recentes descobriram a razão do extermínio da poderosa nação maia, no México – uma grande seca! Hoje vemos a magnífica Catar florescer no deserto como num passe de mágica! Vamos ver o que a Copa do Mundo no Catar nos reserva – nada pode ser pior que aqueles 7 x 0.