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​A data do Enem

A definição do governo federal ignora os impactos da pandemia e não atende plenamente aos estudantes

Em mais uma prova de que as questões no Brasil têm sido tratadas de qualquer jeito, a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi fixada em 17 e 24 de janeiro de 2021. A decisão está tomada, apesar da indicação de que a data seria marcada de acordo com uma consulta via enquete com os inscritos,  anunciada pelo próprio governo federal após pressão popular.

O governo ignorou a opção escolhida pela maioria e entendeu que a prova, que permite o acesso ao ensino superior, está à parte da pandemia do coronavírus, que suspendeu as aulas e afeta toda a sociedade brasileira, principalmente os jovens da periferia, onde se localizam as regiões mais vulneráveis financeira e economicamente.

As entidades estudantis se mobilizaram em nível nacional e também no Espírito Santo e, por meio de uma consulta, apresentaram os números que traduzem o desejo da categoria: maio de 2021 foi a opção que venceu com praticamente metade dos votos realizados por estudantes de todo país (49,7%). Em segundo ficou a opção de janeiro (35,3%) e, por último, dezembro de 2020 (15%).

Participaram dessa mobilização a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), que publicaram uma carta conjunta questionando a decisão.


O fato é que o governo federal se nega a reconhecer a dimensão da pandemia do coronavírus, na linha de atuação adotada pelo presidente Jair Bolsonaro. Vale ressaltar que a medida, que envolve milhares de estudantes e representa uma ponte para a área do conhecimento, foi tomada sem que o País tenha um ministro da Educação, situação resultante de uma gestão pública despreparada para direcionar programas educacionais. 
Com 18 meses de governo, o presidente da República ainda não conseguiu arrumar a casa. Destaque para a área da Educação, uma das mais importantes para o desenvolvimento de uma nação, como mostram os registros históricos, recentes e milenares. Assim ocorreu no Egito, Grécia, entre outros povos antigos, e, nos dias atuais, no Continente Asiático, locais onde se registram elevados índices de desenvolvimento econômico a partir da valorização da ciência e da pesquisa. 
“Para superar a pandemia causada pelo novo coronavírus, a Educação precisa estar no debate central. É dela que saem as pesquisas e é por meio dela que transformamos vidas”, ressaltam os estudantes em carta divulgada nesse início do mês de julho. Não há como negar essa afirmativa. 
No entanto, essa não parece ser a visão do governo atual, focada mais no autoritarismo, que o impede de valorizar o diálogo, como nesse caso. A questão ocupou o Congresso Nacional, que, em maio, convenceu o presidente da República da necessidade do adiamento. Menos pior, mas, no entanto, ainda insuficiente para atender plenamente a classe mais interessada: os estudantes.

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