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Os interesses e a verdade de cada um

A verdade, no regime democrático, é um dos pilares que sustenta a nossa sociedade

Numa sociedade democrática polarizada entre muitos pobres e poucos ricos, os mais ricos tentam se organizar no entorno das ideias, projetos e partidos conservadores, do status quo vigente, se consideram de direita e tentam convencer toda a sociedade de que suas propostas de concentração de riqueza nas mãos de poucos são as melhores para o funcionamento de toda a sociedade.

Enquanto a maioria de pobres busca ser representada por quem possa lutar por igualdade e justiça social, que atenda seus interesses de trabalho para uma geração de renda que garanta a si e aos seus as condições mínimas de dignidade para a existência do ser humano. Normalmente, quem pensa e luta por isso está na esquerda política da sociedade, lutando contra o conservadorismo, buscando uma transformação da sociedade para um maior equilíbrio social, econômico e político.

Cada parte da sociedade organizada ou não em alguma instituição, para defender suas verdades, constrói argumentos que justifiquem suas ideias e as disseminam para toda a sociedade como o remédio capaz de solucionar os problemas de todos.

A sociedade possui vários meios de comunicações e divulgação de ideias, que se dizem democráticos, na teoria, mas na prática todos têm direitos a seu uso, desde que consigam pagar seus altos custos, o que facilita o acesso para a parte rica e dificulta e até impossibilita a sua utilização pela parte pobre.

Atualmente, com o fenômeno das mídias digitais, boa parte da população pobre consegue acesso às informações, porém surge também com essa facilidade, outro fenômeno, as mentiras, multiplicadas muitas vezes para parecerem verdade, o que confunde e interfere na compreensão do que realmente está acontecendo no cenário político e econômico.

Cada interesse em disputa pelo poder em nossa sociedade tem sua verdade e seus argumentos, e isso numa democracia é legítimo e precisa ser garantido a todos, contudo, cada argumento e cada suposta verdade de cada um precisa ser questionada, checada e comprovada. Ninguém precisa concordar com a verdade e os argumentos de ninguém, mas esses precisam ser verdadeiros, com base teórica em outros pensamentos já debatidos, precisam ser justificados e apontar caminhos que serão confiáveis na construção de uma sociedade melhor para todos.

No ano de 2022, acontecerão as eleições para o poder executivo, na qual escolheremos um presidente para o país, governadores para os estados, e para o poder legislativo, aqui no Espírito Santo, escolheremos um senador, 10 deputados federais e 30 deputados estaduais. Cada cidadão deve fazer suas escolhas de acordo com seus interesses individuais e coletivos, dentro das organizações e instituições com as quais se identifica, e as lideranças escolhidas devem dialogar com o projeto de sociedade que os seus iguais acreditam como possível e necessária para construir o bem-estar da maioria.

Esse processo eleitoral acontece dentro da nossa jovem e frágil democracia, que sofre ataques, onde as mentiras estão ferindo seus princípios fundamentais. Atualmente, já é possível verificar as consequências negativas que as mentiras fazem ao exercício da democracia, da cidadania, prejudicando principalmente a parte mais vulnerável de nossa sociedade.

As mentiras prejudicam os direitos básicos garantidos pela Constituição Federal/88, ferindo a sociedade e tornando este processo em algo longe da democracia.

A evolução da tecnologia digital nos traz a intensificação das comunicações sociais, por meio da internet, e com elas a intensificação também das mentiras, argumentos, histórias sem nenhum fundamento e comprovação.

Nas épocas eleitorais os problemas se agravam, alguns atores políticos embaralham com suas mentiras todo o cenário, confundindo o eleitorado, para que a maior parte escolha os representantes da minoria (os mais ricos), mantendo assim a concentração de poder e de riqueza, enfim, a manutenção do poder.

Cada cidadão deve ficar atento, pois é preciso checar a credibilidade e a veracidade de cada informação, pois falsos democratas se utilizam da desinformação para alterar opiniões e influenciarem na sua escolha, levando os incautos a fazerem a escolha que interessa somente a eles e não para trazer o bem-estar na sociedade, pois sua preocupação não é com a democracia, nem com a igualdade e a justiça social, e sim, somente com seus interesses econômicos e, para isso, precisam manter o poder político.

Neste início de um novo milênio, novas invenções tecnológicas estão acontecendo e com isso novos fenômenos científicos e sociais surgem, por isso é importante que cada cidadão e cidadã aprenda a conviver com essas novidades, para não ser vítima dos seus efeitos. Para isso, é necessário o questionamento, a crítica, a dúvida, checar a veracidade, a credibilidade, confrontar com a realidade para enfrentar a mentira, a desinformação, para não ser enganado e não ser objeto de algum sujeito mal intencionado, querendo se apropriar de seu direito para o benefício de uma minoria que acumula riquezas alheias e posa de democrata.

Antes de acreditar em qualquer coisa e compartilhar com os seus, é preciso duvidar, questionar, checar, conferir com a realidade e analisar a quem aquela informação beneficia.

Algumas informações aparentemente simples são capazes de influenciar uma sociedade inteira, para beneficiar o interesse de alguém ou de algum grupo, e isso pode influenciar na escolha em um processo eleitoral, prejudicar direitos e ferir nosso frágil regime democrático.

A verdade, no regime democrático, é um dos pilares que sustenta a nossa sociedade, nos debates, nas conversas, nas pesquisas, na vida em sociedade. A verdade sempre foi considerada fundamental, representa o que está diretamente ligado ao que é sincero, o que é verdadeiro, é oposta à mentira é a afirmação do que é certo dentro da nossa realidade e dos nossos interesses.

A verdade não é absoluta, é relativa aos desejos, necessidades e interesses dos indivíduos e ou de seus coletivos. Portanto, precisamos seguir os critérios de checagem da verdade, verificar, conferir, comparar, pois cada um usa sua verdade e seus argumentos de acordo com seus desejos, seus interesses e suas necessidades, que nem sempre se harmonizam com os nossos e com os nossos iguais.

“A verdade é o ponto de vista de cada um”. Nitzche

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