Victor Coelho alcançou vantagem em Cachoeiro por vários fatores, dentre eles, a indigência de estratégia dos adversários
O resultado da pesquisa Ibope, em Cachoeiro de Itapemirim, que mostra 51% da intenção de votos para o atual prefeito Victor Coelho (PSB), deixando o seu atual vice Jonas Nogueira (PL) com apenas 8%, provocou todo tipo de reação. E, paradoxalmente, também nenhuma.
Jonas, que se confrontou com Victor no meio do mandato, cuidou de trazer à cena o velho senador Magno Malta, que o próprio presidente Bolsonaro decidiu sepultar eleitoralmente. Não satisfeito, lançou em seu programa de TV o ex-deputado Carlos Manato, empunhando, enfaticamente, a bandeira da extrema direita, em busca de trazer ao solo cachoeirense a figura do presidente Bolsonaro.
Por sua vez, o candidato Diego Libardi (DEM), neófito em política, abraçou Ferraço como seu pai. A vereadora Renata Fiório (PSD), buscando surpresa, começa a correr, em nome da mulher e da pequena rejeição, no acostamento. Busca disputar com Victor, o que não será surpresa.
Victor alcançou toda essa vantagem por vários fatores, dentre eles, a indigência de estratégia de seus adversários. Claro que a população auscultada reconheceu sua liderança na administração, mas, por exemplo, Jonas, seu adversário colocado em segundo lugar, não percebeu, embora seja ainda cedo para se fazer projeções, que não dá para espreitar o desenvolvimento das campanhas municipais sem se constatar o óbvio.
Até aqui, o grande derrotado é Jair Bolsonaro. Seu dedo de ouro das eleições de 2018 aparentemente virou um dedo podre. Para onde ele aponta, é dali mesmo que não sai nada. As pesquisas não deixam margem para dúvida. Segundo o Datafolha de quinta passada, Bolsonaro perde em São Paulo, com Russomanno, no Rio, com Crivella, e em Belo Horizonte, com Engler. Os três mereceram o apoio explícito do capitão.
Observa Ascânio Seleme, com propriedade, o que se vê, confessadamente, é um aparente refluxo da onda bolsonarista. E não adianta argumentar de que estas são outras eleições e que pleitos municipais tratam de questões paroquiais e não refletem a grande política nacional. Pode ser verdade na inexpressiva Jaboticabal, no interior de São Paulo. Mas lá, um dos candidatos tem sobrenome Bolsonaro, se apresenta como primo do presidente, propõe armar a guarda municipal e jura que não vai ceder à pressão de vereadores por cargos na prefeitura. Então, quer pauta mais local do que esta?
Em Cachoeiro, o integralismo ficou, há muito, na poeira da história. Ferraço, que ostentava o partido Arena, da ditadura, nunca foi um político ideológico, mas de ação. Deixou obras significativas na cidade, mas nunca fez um sucessor porque não se confundia com seus candidatos. Cachoeiro teve seu grande líder, o carismático Hélio Carlos Manhães, um político, no máximo, democrata.
Quero dizer, com isso, que o atual prefeito Victor Coelho, com apoio do governador Renato Casagrande, a essa altura, apesar da incredulidade dos adversários, está a um passo de nova vitória não só pelo mérito de sua campanha, mas também pela fragilidade de seus adversários, que sequer souberam ler a história de sua cidade. Uma leitura tão simples. Não é por falta de modelo. Naquela época o MDB deixou belos exemplos, assim também como o deputado Ferraço. Resolveram rasgar a história…