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A favor, mas também contra…

Quem usou a imagem do presidente nas eleições municipais, por oportunismo, quebrou a cara

A poucos dias das eleições, pergunta-se se a vitória de Biden, nos EUA, terá reflexos na eleições municipais aqui no Brasil. Pessoalmente, sem qualquer arrogância, sempre acreditei que sim. Aliás, cheguei a dizer que se nota, claramente, um aparente refluxo da onda bolsonarista. E não adianta argumentar de que estas são outras eleições e que pleitos municipais tratam de questões paroquiais e não refletem a grande política nacional. Uma das mudanças, sem dúvida, é que a derrota da divindade de Jair Bolsonaro mostra que o populismo de direita não é imbatível.

O discurso do ódio atrai votos, mas não resolve problemas concretos dos eleitores. Com o tempo, a realidade se impõe ao obscurantismo. Quem insistiu em negar a ciência, como Trump, foi atropelado pela pandemia. O mundo sempre mostrou que quem cuidou bem dos efeitos da pandemia foi reconhecido pela população. Em resposta a alguns comerciantes que entraram em desespero com as medidas de segurança contra a pandemia, aliás, com razão, o equilíbrio foi reposto. Um candidato a prefeito, correndo riscos de perder votos, disse tudo: “Votos que perco não justificam a morte de um irmão de Covid”. E isso se contrapunha com o discurso da “gripezinha”.

A falação negacionista do capitão contra as vacinas, que atingiu parte da população, até mesmo em relação à vacina contra poliomielite, é uma insanidade que, com um pouco mais de tempo, será repugnada. Exatamente porque é uma farsa eleitoral. Induvidosamente, é brutal o efeito transversal da revelação do jornalista Bob Woodward de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já sabia da gravidade da Covid-19 e dos riscos à população no início de fevereiro, quando ainda havia poucos casos da doença no país, e resolveu minimizá-los para “não causar pânico”. Assim também o fez Bolsonaro.

Quem usou a imagem do presidente nas eleições municipais, por oportunismo, quebrou a cara. Até mesmo em Cachoeiro, por oportunismo, foram expostas as figuras do presidente Bolsonaro e do Ministro Onyx Lorezoni, este apontando como ideal o candidato Diego Libardi (DEM), apoiado pelo deputado Ferraço (DEM). O mesmo vem acontecendo com o vice-prefeito Jonas Nogueira (PL), seu líder messiânico. Resultado: o prefeito Victor Coelho (PSB) é favorito indiscutível, segundo pesquisa Ibope, e pode comemorar a vitória de Biden com o governador Renato Casagrande, sem sair do pleito com ranço de um eventual esquerdismo fanático repelido pela população. A chave de tudo: não perdeu tempo em discussões estéreis. Disse o que vai fazer se vencer a eleição. E também o que não vai realizar.

Tonou-se clássica a frase do personagem Eli Gold “em campanha eleitoral não importa apenas o que você apoia, mas também o que você é contra”. Por isso, penso eu, o atual prefeito Victor Coelho pontuou como favorito indiscutível, segundo o Ibope, nas eleições do próximo domingo. Não se deixou envolver com o resultado. Andou pra frente.

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