Buffett: a sociedade tem uso para meu dinheiro, eu não tenho
Rindo de felicidade, o psicólogo americano Edward Diener levou anos pesquisando este bem volátil e imaterial, incolor, inodoro, sem peso, sem agressão ao meio ambiente, sem ocupar lugar no espaço: a felicidade. Apesar de ser um artigo essencial ao bem estar da comunidade, ela não pesa no bolso nem flutua nas bolsas de valores. No entanto, é almejada e perseguida por todos – ricos pobres, velhos, moços. Se houvesse uma lei garantindo que a troca é irreversível, qualquer ser humano trocaria tudo que possui pela felicidade absoluta. Carlos Drummond de Andrade: Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
*
O bilionário Warren Buffett doou metade de sua fortuna, calculada em 8 bilhões de dólares, para instituições de caridade – deixando “apenas” a metade para os herdeiros. Talvez isso lhe traga aborrecimentos – e se os herdeiros não gostaram do generoso ato? Mas por certo ele vai dormir melhor. O que se pode comprar com 8 bi que não se compra com 1 bi? Também Bill Gates, mesmo sem Melinda, não tem feito outra coisa: trocar dinheiro vivo por felicidade. Aqui agora, ou na outra vida. Buffett: A sociedade tem uso para meu dinheiro, eu não tenho.
*
Diener pesquisou com voluntários durante décadas, e concluiu que dinheiro traz felicidade, sim, mas somente até determinado nível de renda. Certa vez ouvi uma entrevista de um famoso cantor sertanejo no Brasil dizendo a mesma coisa. Ninguém pode ser feliz passando fome, mas comer demais engorda. O currículo da felicidade inclui boa saúde, e mesmo se o mal é incurável, ter dinheiro melhora muito o sofrimento. Mas não há dinheiro que compre o remédio que não existe. Tom Jobim: A felicidade é uma pluma que o vento vai levando devagar…
*
Os governos também influenciam esse delicado pêndulo. Em tempos de pandemia, o Brasil ficou no 41º lugar na avaliação dos ânimos em plena pandemia. Como assim? Não éramos o povo mais animado do mundo? A medalha de ouro foi para a Finlândia. Nosso maior trunfo, o calor humano, congelou com o necessário distanciamento humano. Na Finlândia o sol não se põe no verão, ocorrendo a “noite sem noite” de maio a junho. No inverno, tem o “dia sem dia”, escuridão total de dezembro a janeiro no norte do país. Madre Teresa: Espalhe amor onde quer que você vá. Não deixe ninguém vir até você sem sair mais feliz.
*
Depois de lidas, as páginas do jornal Mainichi, no Japão, podem ser plantadas – o papel é 100% sustentável: uma mistura de papel reciclado, água, sementes de flores e ervas. Chico Buarque: Do lado de lá tanta fartura…