Sabotagem, mentiras, contrainformações, fake news, articulações políticas, estratégias de guerra, uma batalha renhida. É o que se pode dizer das ações do governo federal relacionadas à imunização em massa para barrar o avanço da Covid-19, doença responsável por mais de 200 mil mortes no Brasil, com mais de oito milhões de infectados: um quadro assustador e revoltante não somente para os brasileiros, mas para o restante do mundo, que causa perplexidade pelo fato de que esse trabalho contrário ao bem-estar dos cidadãos é promovido pelo próprio governo.
Seja pela incompetência do general ministro da Justiça, Eduardo Pazuello, ou pela falta de humanidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) , que ironiza a morte, o fato é que o país registra demonstrações de insanidade nunca vistas anteriormente, na qual a saúde pública vale muito menos do que ganhar pontos para as eleições de 2022.
Nesta quarta-feira (13), o governo do Espírito Santo foi alvo de uma dessas ações, visado surrupiar seringas para a vacinação no Estado. Precisou a Procuradoria Geral do Estado (PGE) encaminhar uma ação cível ao Supremo Tribunal Federal (STF), para impedir a apropriação indevida de seis milhões de seringas compradas pelo Espírito Santo para o plano estadual de vacinação contra Covid-19, previsto para ser iniciado ainda neste mês, caso o ministro Pazuello cumpra com o compromisso assumido, depois de vários atrasos.
Como fez com outros estados, o presidente da República pretende anunciar com grande pompa, na próxima terça ou quarta-feira (19 ou 20), o plano nacional de vacinação, em mais um capítulo da batalha travada com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pela sucessão presidencial em 2022. Depois de ironizar a pandemia, provocar atrasos na compra de vacinas e seringas, enfim, de passar por cima dos dramas gerados pelos milhares de mortos que enchem os necrotérios e cemitérios, agora ele pretende vestir um papel que não lhe cabe.
A ação requisitória do Ministério da Saúde que afeta o espírito Santo, desrespeitando o sistema federativo brasileiro, demonstra, mais uma vez, o autoritarismo que é a marca do atual governo. A nota da Procuradoria Geral do Estado esclarece que a finalidade da ação é “resguardar o direito à vida e à saúde da população capixaba, bem como o exercício legítimo de suas competências constitucionais”.
A atitude do governo federal, ao anunciar que o Estado do Espírito Santo terá dificuldade para executar o plano de vacinação por falta de seringas é um achincalhe às normas institucionais, considerando que o levantamento do Ministério da Saúde ignorou as medidas adotadas pelos estados para adquirir essa mercadoria.
Mais um exemplo do tratamento dispensado à pandemia da Covid-19 por parte do governo federal, agravando a tragédia que se abate sobre o país, reconhecido no mundo como um dos mais irresponsáveis na luta para impedir que a morte avance mais ainda. Um quadro que precisa mudar, com urgência, para o bem-estar da sociedade.