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A parábola do pré-sal

Não faz muito tempo, os parlamentares brasileiros decidiram que a renda do petróleo do pré-sal deve destinar-se 75% para a educação e 25% para a saúde. Seriam bilhões por ano. A redenção.
 
O que ninguém imaginava é que na calada da noite uma quadrilha de larápios de plantão na Petrobras resolveu repartir entre si 3% do valor dos contratos entre a Mãe Petrobras e seus fornecedores reunidos em cartel. Bilhões por ano. Uma armação inacreditável.
 
Desde a descoberta do pré-sal em 2006, a Petrobras fez encomendas de equipamentos e serviços no valor de R$ 220 bilhões, pondo-se a produzir celeremente. No final do ano passado, a produção do pré-sal chegou a 700 mil barris/dia, ou quase 40% do total nacional, um sucesso que representa a conquista final da autossuficiência, meta perseguida desde a assinatura da Lei 2004, em outubro de 1953.
 
E o que aconteceu? Enquanto era descoberto, investigado e denunciado pelo Ministério Público Federal o esquema de corrupção nas encomendas e contratos da Petrobras, o preço do petróleo no mercado internacional caía pela metade, colocando duplamente em risco a rentabilidade da galinha dos ovos de ouro do pré-sal.  
 
Resultado? Está todo mundo perplexo. Ninguém esperava nem suspeitava que diretores da Petrobras, naturalmente muito bem remunerados, com salários anuais entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, se dedicassem a manipular encomendas de equipamentos e contratos de serviços para tirar uma casquinha, em conluio com empreiteiras e cumplicidade com políticos.
 
Um agravante lamentável dessa história é que, até 2010, quem presidia o conselho de administração da Petrobras era Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil e posteriormente eleita, duas vezes, para a presidência da República.    
 
Podemos pensar que tudo isso configura uma brincadeira dos deuses que pode vir a favorecer os antigos trustes internacionais do petróleo que circulam feito tubarões pelas águas de todos os oceanos. Não foi à toa que o então presidente Bush veio ao Brasil em março de 2007. O pré-sal brasileiro é a bola da vez para a indústria petrolífera ancorada nos EUA. Pois a verdade é que o petróleo, 160 anos depois de ser descoberto no estado da Pensilvania, ainda é o principal combustível do mundo. Têm razão os nacionalistas brasileiros ao presenciar o enfraquecimento da Petrobras, o esvaziamento das empreiteiras e a desmoralização dos políticos, como se a ética tivesse sido varrida do território nacional. Aparentemente, tudo conspira para que a galinha dos ovos de sal escape do controle dos brasileiros.   
 
LEMBRETE DE OCASIÃO

 

“Todo privilégio é uma violação da liberdade; toda tirania é uma violação da igualdade; todo ato de egoísmo é uma violação da fraternidade”
Giuseppe Mazzini, herói da unificação da Itália no século XIX

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