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Alice no país das maracutaias

Seu celular, embora lindo, carrega mais de 17 mil germes. É um festival de estafilococos

Cada país tem a Alice que merece, e a que morava em Fimdalinha, prazerosa cidade na região do meio, partiu diretamente para Miami no voo minus-zero da Aerolineas Cordeburroquandofoge. Adoro essa cor! Porque partiu na calada da noite – voo noturno – sem dizer adeus ou pegar listinhas de encomendas, houve um rebu geral na cidade – Cadê Alice? Perguntavam-se todos, e o mendigo que sempre sabe de tudo, instalado no terceiro banco, ala 13 do jardim da praça, gargalhou: Alice não mora mais aqui, disse Scorsese. 

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Como sempre acontece, o mais surpreso foi o marido, embora já andasse desconfiado com a insônia crônica da esposa, tomando litros de chá de valeriana, mais melatonina e a farta variedade de farmas que ultimamente tem tido muita demanda no mercado. Antiga marchinha de carnaval cantava: Quem tem amor não dorme sossegado, e o marido temia que a insônia da esposa tivesse origem amorosa: estaria de caso extraconjugal com um dos chefes da repartição? Qual ou quais? Todos?!

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Os federais intempestivamente bateram na porta numa madrugada fria e chuvosa. Pobre porta, o que tem a ver com as mazelas humanas? Por que não esperaram o horário de expediente normal, 9 às 5? O marido foi informado que um dos chefes da repartição estava envolvido no escândalo das Propinas do Cafezinho, e na delação premiada, entregou à polícia longa lista de envolvidos no bule.

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Nomes iniciados com a letra A tendem a sofrer as consequências primeiro: Alice Abadimar, que azar! O marido suspirou aliviado, pelo menos não era um caso amoroso; mas sim, havia uma dupla relação premiada: amorosa e econômica. A primeira maracutaia ocorria em motéis de luxo e a segunda no Bank of Corrupt Countries, em Miami, no nome de Alice Abadimar. Mas há também vantagens para os que carregam nomes iniciados com a letra A, porque ao meio-dia o sol distribui sua luz em quotas iguais para todos.

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Pressentindo a prisão iminente, o chefe quis mandar um email para os envolvidos, mas só teve tempo de inserir o primeiro nome. Os agentes adentraram o recinto e ele apertou a setinha: Vai! Ato contínuo, enviou o caro celular para o fundo do poço, ou seja, o vaso sanitário, sem saber que o celular era à prova d’ água. Retirado, foi engordar os arquivos de mais um caso de corrupção envolvendo bilhões extraídos das burras da nação eternamente adormecida em berço esplêndido. Entra governo sai governo, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

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As estatísticas nos confundem? 77% da população mundial têm um smartphone, gastando em média 5 horas olhando ou manuseando o mimo. Mas não computaram o peso-morto, quando os inocentes que pagam pelos pecadores: Zé das Quantas e a cara-metade, Dona Quintina, nunca viram um celular na vida, mas o Bill Gates tem três; portanto, a estatística nos informa que três pessoas têm um celular cada. Quem vai conferir? Quem pensava que a vida era justa, devia ir checar a conta bancária do Bejos.

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Seu querido celular, embora caríssimo, carrega mais de 17 mil germes – dez vezes mais que a tábua do vaso da rodoviária. É um festival de estafilococos. Convém limpar diariamente, mas não use spray. Passe um paninho de microfibra com uma mistura de água e álcool, ou desinfetante para as mãos. Ficou limpinho? Ainda não. Os especialistas recomendam usar uma escova de dentes macia, seca e sem uso, passando suavemente em todas as “entradas” do telefone – o conector do fone de ouvido, o de carregar, essas coisas. Desligue o telefone para fazer a limpeza.

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Voltando à Propina do Cafezinho, descobriu-se: o café era requentado; os grãos não eram orgânicos; as peneiras para selecionar tipo estavam cheias de furos; açúcar em vez de adoçantes e vice-versa; o pó torrado continha 45% de fubá instantâneo. Tudo isso numa xicrinha de café?

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