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Amigo é pra essas coisas

Quando tudo deu errado, todos riram do meu fracasso!

Divulgação

O inesperado é mago de duas faces – chega sem ser convidado ou não chega quando mais precisamos. Pode trazer braçadas de flores ou latadas de espinhos, alquimista que sabe misturar alegrias e tristezas, lágrimas e sorrisos. Dançamos ao sabor de seus caprichos, pois o inesperado não se anuncia nem marca hora. Como todo mago que se preza, pode tirar pássaros e serpentes da cartola, e nossas únicas armas são as lágrimas e os sorrisos.

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Ri de chorar, diz o otimista. Chorei de rir, diz o pessimista – rir e chorar são frutas do mesmo galho, mas a lágrima não é um rio constante e impaciente – há sempre um lenço que a estanque, seja de papel ou de seda, um ouvido que ouve e entende, um ombro largo forte que ajude carregar o fardo. Há muitos jeitos de secar uma lágrima, e se todos falharem, ela acaba por si mesma. Não há mal que não se acabe, diz o vulgo, esse apreciador do inesperado. Chova ou faça sol, amanhã acorde mais cedo.

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O sorriso é seu melhor amigo, mesmo se puser mais rugas no rosto. O riso faz bem, mesmo se não for espontâneo. E é contagioso: comece a rir e logo as pessoas em volta rirão também, mesmo se acharem que você é um tolo. Rir é um veio promissor para os humoristas, e os melhores filmes são os que nos fazem rir e chorar. Quem rir ganha em dobro. Ri muito quando me disseram que você partiu. Por que, não acreditou? Achei que não ia voltar.

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Nem tudo que dá errado termina mal. Há sempre uma segunda opção, nem que seja afundar a cabeça na areia ou varrer pra baixo do tapete. Não tendo um tapete, jogue pela janela e deixe o vento levar essas minúsculas partículas de problemas para longe da sua vida. Há sempre um jeito novo de trocar o lado da moeda, uma atadura para remendar a fratura exposta, um esparadrapo para encobrir o fracasso.

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Quando tudo deu errado todos riram do meu fracasso! Então nem tudo deu errado, você ajudou muita gente a desopilar o fígado. Todos, no caso, são os amigos, que ao invés de apoiar debandaram no momento crítico. Mas confie, há sempre por perto um amigo de toda hora, pau pra toda obra, que empresta dinheiro, leva no aeroporto, ri das piadas e lê todas as mensagens no ZapZap.

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Na década de 40 brilhava na Revista O Cruzeiro, o Amigo da Onça, criado pelo cartunista e humorista Péricles. Era o sujeito que se dizia amigo, mas estava sempre tentando passar os outros para trás. Pior que tínhamos um vizinho de apartamento que era a cara do personagem, e a criançada do prédio não perdoava: Olha lá o amigo da onça! O personagem fazia sucesso porque gostamos dos vilões, dos espertinhos… mas ninguém vai lhe emprestar uns trocados para o cafezinho.

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