Patologia não significa que seu pato está doente
Os patos voam, que para isso Deus lhes deu asas, mas o alcance do voo é limitado. Para compensar essa falha técnica, eles podem caminhar sobre a água, embora se ajustem bem em terra firme. Os que residem no meu condomínio não se preocupam com isso: precisando ir à farmácia ou ao supermercado, pegam carona com algum motorista distraído. Mas se o trânsito engarrafar, quem paga o pato é o pato, ou seja, o pateta que pegou a carona, sujou o carro, e não pagou nem meia-pataca.
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Nós, patéticos humanóides, temos uma relação de amor e ódio com os animais, ora elevando-os à categoria de heróis, ora lhes impondo nossos piores defeitos. Desnecessário lembrar que somos seus piores predadores! O pato, ave da espécie anatidae, não ficou de fora desse contexto, talvez porque em grego pathos signifique doença – mas Patologia não quer dizer que seu pato está doente.
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No jogo chamam de pato quem joga mal e perde sempre, ou quem é tapeado pelos jogadores mais experientes. Bancar o pato é ser bobo, ingênuo, que perde as oportunidades. Nos negócios, pato é quem se mete em tudo mas só dá palpite errado e nada faz de concreto. O pato ama a pata, e é primo do marreco, mas inveja o cisne, outro parente próximo mas sempre distante. Conhece alguém que tenha um pato de estimação?
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Tem pato rico mas sovina, como o Tio Patinhas, pato pacato como o Pato Donald, um jovem de 90 anos, e o Patolino, outro pato muito paquerado pela patota – todos rendendo bilhões de patacas! Os patos do meu condomínio andam pelas calçadas como se fossem pavões envaidecidos, cheios de si, ignorando nossos protestos por sujaram nossas calçadas. Se abrigam do calor embaixo dos carros ou tomam sol em cima dos carros. Mas têm seus talentos: o pato nada mal, mas nada; anda mal, mas anda; voa mal, mas voa, e ainda fornece um delicioso pato no tucupi. E nunca ouvi nenhum deles dizer Quac!