A gente deixa votar e daqui a pouco elas vão querer se candidatar também. Será?
Caiu um temporal sobre a cidade e a festa acabou. Que festa? A polícia está ameaçando cortar água e luz das casas que estiverem fazendo festinhas familiares, o maior foco de disseminação do inimigo. O debate sobre abre ou não as escolas continua acirrado, mas na Espanha abriram, mas fecharam depressa. Enquanto até as escolas primárias se adaptaram de algum modo para aulas não presenciais, a Ufes ainda não implantou o sistema online. Não pesquisei para saber se estou disseminando Fake News, mas este ano os alunos da Ufes tiveram apenas uma semana de aula. Pelo andar da carruagem, a próxima formatura vai ser em 2030. Talvez 2040.
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Na minha janela vejo os vizinhos olhando nas janelas, estacionamentos cheios de carros na rua. Como sempre se pode tirar algum benefício mesmo de uma pandemia, as plantas que enfeitam meu condomínio estão exuberantes – que beleza. A vizinha que plantou um pé de carambolas em imenso jarro na porta da casa, pela primeira vez em anos colheu carambolas. Pena que o ser humano não sabe conciliar esses extremos – com pandemia morre o homem e a natureza vive, sem pandemia a natureza morre. Viva o homem.
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Enquanto isso, em Salamanca, Espanha, uma mulher com um diagnóstico positivo de coronavírus se recusa a ficar em quarentena e usar máscara , caso precise sair de casa. Alegando que não existe vírus, “Tudo isso é mentira”, ela atacou os policiais que queriam forçá-la a ir para casa. Do jeito que vemos festas clandestinas acontecendo e pessoas andando na rua sem máscaras, acredito que tem muita gente por aí pensando e agindo do mesmo modo.
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No dia 18 de Agosto de 1920, o machismo americano finalmente se rendeu: o Congresso aprovou a 19ª emenda constitucional garantindo às mulheres o direito de votar. Uma das barreiras mais citadas contra esse direito era que as mulheres não tinham opinião política e iriam apenas duplicar o voto dos maridos. Comentário da época: A gente deixa votar e daqui a pouco elas vão querer se candidatar também. Será?
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No Brasil houve a Lei Saraiva, em 1881, dando o direito de voto a “qualquer cidadão que tenha uma renda mínima de 2 mil réis”. A primeira eleitora brasileira foi Celina Guimarães Viana, do Rio Grande do Norte, que em 1926 que fez valer uma lei estadual: “No Rio Grande do Norte, poderão votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por lei”. Podemos imaginar quais seriam essas condições, mas para a época foi um avanço.
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A leitura tem sido uma das distrações preferidas nessa reclusão forçada, e uma das autoras mais procuradas é, quem diria, a velha Agatha Christie. O crime tem sido um dos mais explorados temas da literatura, hoje e sempre, sejam reais, imaginários ou idealizados, mas com tantos livros e filmes impressos e produzidos todo ano, a chamada “dama do crime” inglesa continua na moda, e os livros estão sempre ganhando novas edições e versões para as telas cada vez mais sofisticadas. Quem nunca leu um de seus livros que atire a primeira pedra.
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O mais famoso livro de Agatha, E não sobrou nenhum, é o romance policial mais vendido de todos os tempos, com mais de 100 milhões de cópias comercializadas no mundo inteiro. Ela disse: A menos que você seja bom em adivinhar, não há muita vantagem em ser um detetive (Agatha Christie). Ele disse: Tem muitas coisas que não são chamadas de veneno mas que podem matar um homem (Hercule Poirot).