O jornal A Tribuna traz uma entrevista do governador Paulo Hartung (PMDB) neste domingo (12). O governador foi ouvido na sexta-feira (10), ou seja, ele ainda não sabia qual seria o resultado da eleição do sábado (11), que escolheu o vice-governador César Colnago presidente estadual do PSDB capixaba. PH, como de hábito, canta de galo na entrevista. É fato que o seu candidato acabou saindo vitorioso, mas por um placar apertadíssimo – 12 votos de diferença sobre o desafiante Max Filho. Mas a vitória não deve ser interpretada por Hartung apenas como motivo de comemoração. Ele se torna dependente do seu vice, já que Colnago passa a ter o controle político que lhe pertencia.
Vale dizer que PH para ser candidato a governador vai depender de Colnago, já que será o PSBD a ter ao seu alcance a condição de definir quem será o candidato com chances de chegar ao governo do Estado.
Não precisa nem mergulhar na disputa desse sábado para encontrar um PSDB totalmente dividido entre Colnago e Max Filho. E essa divisão, para desespero de Colnago, não se encerra com a eleição. Sem querer entrar no mérito da construção dessa vitória, está mais do que claro que quem sai fortalecido dela é o prefeito da Vila Velha, já que fizeram de tudo para derrotá-lo no “tapetão” e mesmo assim ele conseguiu reter o apoio de praticamente a metade do partido.
De outro lado, depois de todos estes anos da era PH sem uma figura política como ele, Colnago se apresenta como tal, a ponto de ganhar o controle da política capixaba. Colnago abdicou de seu eterno papel de grande negociador, flexível, e se transfigurou quando aceitou usar a máquina administrativa para alcançar seus objetivos, atropelando quem estivesse pela frente. A única coisa que não fez foi desmanchar a boa relação com o prefeito Max Filho.
Entretanto, a meu ver, o custo da vitória de César Colnago tem alto preço para PH, pois a partir deste resultado, o governador será obrigado a ter como única opção sair do Estado e arriscar se equilibrar na corda bamba da política nacional, o que me parece, neste momento, um cenário mais favorável para ele.
Em outras palavras, quero dizer o seguinte: tudo indica que no final deste processo político já teremos, em abril de 2018, PH entregando o governo a Colnago a oito meses do fim do mandato, para deixá-lo como garantia da sua sobrevivência política.
Entendo ser essa estratégia produto de uma contingência política de necessidade de migrar PH para a área nacional, e para que isso ocorra, o sucessor dele precisa realmente ser Colnago, devidamente testado nesta disputa do PSDB, quando PH lhe entregou o governo para que ele conduzisse o processo à maneira que ele ensinou ao aprendiz, ou seja, massacrando cruelmente os adversários, alterando à força rumos já postos e outras manobras nadas republicanas.
O aprendiz se mostrou preparado e passou no teste com louvor. Juntou o povo de Hartung, mostrou que sabe jogar pesado, como no caso do secretário de Agricultura, Octaciano Neto, que Colnago filiou ao PSDB pelas portas do fundo, mesmo contra uma decisão do partido. Este ingresso foi sem dúvida alguma um dos garantidores, no mínimo, dos 12 votos que deram a vitória a Colnago. Portanto, o instrumental de poder de PH já está nas mãos do novo comandante do PSDB.
Há quem possa dizer que Colnago não passaria de oito meses de governo, que isto já seria o bastante para a carreira política dele. Eu não seguro essa não. Se ele repetir o que fez nesta campanha para comandar o partido, a classe política do ES que segure a barra. Na entrevista que deu logo após ser eleito presidente do PSDB, quando perguntado se PH poderia entrar no partido, deixou claro que as portas estão abertas. Deu também um recado ao prefeito de Vila Velha, avisando que ele é o presente e Max pode ser o futuro.