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As difíceis surpresas

Ventos que vêm do sul me dizem que Renato Casagrande chegou na hora certa para o voo

Não tenho guias espirituais ou assessores políticos, mas respeito os ventos que vêm do sul do Estado. Eles me dizem, numa linguagem metafórica, que o governador Renato Casagrande (PSB) chegou na hora certa para o voo. E voou. Enquanto seus adversários Manato (PL), Audifax (Rede), Aridelmo (Novo), Claudio Paiva (PRTB), Capitão Vinicius (PSTU) e Guerino (PSD) ficaram no aeroporto discutindo as razões pelas quais não embarcaram. 

A bem da mais pura verdade, e é preciso que se diga, que a soma das estratégias políticas dos adversários até agora sequer arrararam as preocupações de Casagrande. Voou em céu de brigadeiro. E essas discussões dos adversários fazem parte de seus programas eleitorais, que passaram de conjecturas de grande generalidade e bastante imprecisas.

Mas o experimentado Paulo Hartung, em entrevista a Miriam Leitão, enfatizou que não existe uma eleição sem surpresas. É pagar pra ver até onde vai a bola de cristal do ex-governador. No entanto, é preciso que se diga, alguns candidatos, por influência direta de Bolsonaro, principalmente Manato, vieram ao sul do Estado com a linguagem autoritária de que “eu faço e aconteço”.

Mesmo sem pão, leite ou carne, todos passaram a ouvir prolongadas loas diárias sobre fartura daqueles produtos. Cachoeiras do ar mais puro leite foram mostradas na televisão. O mugir de milhares de bois se fez ouvir, de minutos em minutos, mesmo sem dinheiro para comprar carne.

Casagrande, em contraponto, falava com os próprios eleitores sobre seus projetos já realizados. Por isso, as mensagens de seus adversários sequer conseguiram atingir o governador. Muito menos o eleitor. As mensagens replicavam no prefeito Victor Coelho (PSB), que, com apoio de Renato, transformou Cachoeiro, por exemplo, num canteiro de obras.

Aliás, difícil o município onde ele não tenha registrado a ação de seu governo. Sua estratégia foi traçada no nível de evitar polêmicas. Por exemplo, capta os profundos e derradeiros desacertos de Bolsonaro, mas não aparece nos palanques do PT, equilibrando em posição ideológica sem censura, já que as coisas vêm acontecendo muito rápidas. Em verdade, não acontecem – afloram.

Agora, por exemplo, a agressão estúpida e covarde na jornalista Vera Magalhães, apresentadora do Roda Viva e colunista do jornal O Globo, cai em seu colo. Já que foi hostilizada e agredida verbalmente pelo deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos-SP) na noite dessa terça-feira (13). Cena semelhante à que o presidente produziu no debate do JN. O deputado, naquele instante, representava o espírito belicoso e autocrata de Bolsonaro.

Casagrande, com experiência política, inclusive no Senado, deu um banho nos políticos capixabas até agora. A ponto de trazer para seu lado, através do ex-senador Ricardo, o velho Ferração, um grande opositor. Questionado, o deputado disse aos jornalistas, em Cachoeiro, “eu não posso votar contra meu filho”. Com ironia, os jornalistas disseram que daqui uns dias “vem Paulo Hartung também”.

Desse modo, vem tocando a campanha. Esperto como é, claro que não está permitindo que os acontecimentos se tornem uma incursão na ficção política, mas Casagrande tem, hoje, em seu elenco, um secretário de Saúde, Nésio Fernandes, que faz inveja a governantes de todo o país. Embora, se for eleito, necessariamente terá que mexer no time. Como Dorival Júnior fez com o Flamengo.
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