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As feiticeiras de Salem

Halloween combina com o nosso dia de finados, que é triste, e o dia de los muertos, no México, que é uma festa animada

O Halloween nos bate à porta, e que pior época para levar sustos? O telefone toca e não atendo, pode ser trote ou má notícia. Pior ainda, cobrador, que esses não respeitam vírus nem feriado. Fiz uma modesta decoração na frente da casa, contrastando com a exuberância dos vizinhos. A dizer, não entrei no clima e os exageros me fazem doer os dedos. Tenho que retirar no dia 30 ou a criançada vem bater na porta, Trick or Treat. Essa é a norma: se tem decoração tem que ter guloseimas. 

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O Halloween combina com o nosso dia de finados, que é triste, e o dia de los muertos, no México, que é uma festa animada. Há uma correlação entre essas celebrações: uma debochada e descontraída, uma reverente mas divertida, uma triste e sombria. No México, a ideia é que os mortos vêm visitar os vivos nesse dia, portanto, a honrosa visita deve ser retribuída com festejos e comilanças. Nos States, seu Halloween será melhor se você puder ir a Salem, no Massachusetts.

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Quem se lembra do filme As feiticeiras de Salem? Foi baseado em fatos reais: o julgamento de 200 pessoas acusadas de praticar bruxarias. Dessas, 30 foram condenadas e 19 foram enforcadas. A história humana é cheia de contradições e horrores, um constante Halloween. A cidade hoje se chama Danvers, mas explora o turismo macabro: fica lotada no Halloween. A TV em outubro exibe filmes de horror, quanto mais sustos melhor. Meu preferido, que assistimos em família todos os anos, do Halloween ao Natal, é O Estranho Mundo de Jack. Esse ano assistirei sozinha.

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Quando criança eu tinha medo de tudo, principalmente fantasmas e insetos, e meu maior terror eram os besouros. Alegre parecia concentrar a maior população mundial desses seres medonhos. Mas gostava dos filmes de terror, embora tenha perdido muitas noites de sono por causa deles. Mas quando eu era criança nem tinha TV no Brasil, e à noite os vizinhos levavam as cadeiras de balanço para a calçada e contavam “causos”, cada um mais escabroso que o outro. E mesmo se a gente não acreditasse, no meio da noite ia pra cama dos pais.

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O medo leva às fobias, e cada um tem as suas, das mais comuns às mais estranhas. Olho em volta e o que não falta é fobia para perturbar – e muitas vezes atrapalhar – a vida do cidadão de bem. Aritmofobia é medo dos números. Não gostar de matemática é uma aversão comum a muitos estudantes, e na vida adulta a coisa só piora, uma vez que os números se traduzem em gastos, controle do orçamento, escassez de verba, falta de pagamento. Eu hein!

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Kinemortofobia é o medo de zumbis, e entendo perfeitamente. Esses não me dão medo nem fobia, mas qual a graça? Ninguém gosta de ver gente feia nos filmes, mas adoram os seriados de Zumbis. Tafotobia é medo de ser enterrado vivo por engano. Ou até mesmo se for proposital, como parece ter sido moda na Idade Média, quando emparedavam os inimigos para se livrar deles. A visita chegou e estranhou, Sua casa parece que encolheu, Cumpadre Belmiro…a última vez que vim aqui os cômodos pareciam ser bem maiores. Sabe o que é, Cumpadre Tenoro? Tem um pessoal aí me chamando de ladrão. Ai levanto mais uma parede. No meio da noite o Cumpadre Tenoro arriou o cavalo e se mandou.

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