Partindo do princípio de que o governador Paulo Hartung está jogando todas as suas fichas da sucessão sobre o seu vice, César Colnago, é de se admitir que Colnago cumprirá o seu eterno papel de principal aliado do governador. Seja para mantê-lo no governo ou mesmo para que ele saia da área estadual para a nacional.
Seria um sacrifício político para Colnago não ser candidato ao governo, trocando esta opção por apenas oito meses de poder? Não acredito, muito pelo contrário. Oito meses de governo para Colnago o transforma em um forte candidato para as próximas eleições. Ser governador em qualquer circunstância que seja é uma garantia enorme de gás para uma próxima eleição, inclusive para o próprio governo do estado. Em política tem de saber dar tempo ao tempo.
Colnago atuando como governador favorece tanto a si mesmo como a Hartung. O que ameaça Hartung é a possibilidade da união das forças oposicionistas, sobretudo Renato Casagrande (PSB) aliado à Rose de Freitas, entretanto, o partido de Rose, o PMDB, que ela não pretende deixar, está sob total comando de Lelo Coimbra, histórico aliado de Hartung. E passar sobre Lelo não é coisa fácil. É um balaio de gatos.
No caso específico do Colnago, é de se admitir que este é o melhor momento político para ele, que vem navegando a longo tempo com PH, sem maiores oportunidades de transformar esta companhia numa mecânica de poder próprio.
Vamos ter, portanto, uma eleição que hoje todo mundo sabe como começa, mas ninguém tem capacidade ainda de acertar seu resultado. No fundo, no fundo, Colnago continua sendo o grande escudeiro do governador e vem se credenciando para ser conhecido como o melhor deles.
Quando Hartung assume o compromisso de entregar o governo a Colnago agora em abril, como a ordem natural das coisas, demonstra que o seu campo de opções se amplia e as especulações no mundo político sobre o caminho a ser seguido, também.
Nada disso impede de serem surpreendidos com uma forte dose de reação do Renato Casagrande, vestido da indumentária de principal adversário, com estratégias de desconstrução do que está posto.
Isso porque, não há como desconhecer que o adversário de Hartung no imaginário político é Casagrande, que se movimenta pelo estado como tal.
É verdade que o ex-governador depende de êxito nesta empreitada de buscar alianças pelo Estado, de se mostrar como oposicionista. Já fez isso antes, tem experiência passada positiva, o que redundou em sua eleição para o governo do Estado, não é nenhum novato. Resta saber se, desta vez, seu projeto dará “liga”.