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Bolsonaro enredado

Investigações sobre corrupção afetam público evangélico e podem respingar em políticos

As prisões nessa quarta-feira (22) dos pastores evangélicos Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, Gilmar Santos e Ariston Moura trazem ao público mais uma tramoia das muitas que enredam a gestão do presidente Bolsonaro, em mais uma pá de cal para sepultar seu governo. Lobistas atuantes no governo federal como pontes entre o restante da pastorada gananciosa, e gozando da intimidade da família presidencial, são investigados por desvio de verbas da educação, com pagamento de propinas, inclusive, em uma rede criminosa denunciada por prefeitos.


O escândalo ocorre pouco tempo depois da execução de Genivaldo de Jesus, no Estado de Alagoas, e dos assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, na selva amazônica. São ocorrências que colocam a gestão do presidente Bolsonaro em situação complicada, a quatro meses da eleição, por jogar luz no cenário de desgoverno, violência, medo e destruição que se espalha no país e que poderá levá-lo à derrota ainda no primeiro turno.

Com mais uma investigação, desta feita sobre corrupção, que atinge pessoa próxima ao presidente, da qual ele declarou que colocaria “a cara no fogo”, Bolsonaro sai  fortemente chamuscado, sem argumentação para prosseguir com o mote de sua campanha de que não há corrupção no governo. Não dá mais liga. E mais: o caso acaba com o discurso de falso moralismo usado por religiosos bolsonaristas, muito mais voltado para garantir ganhos ilícitos, como os pastores presos, ou manter as bases eleitorais nas chamadas igrejas.

Com o presidente em queda, a tendência é que políticos ancorados no bolsonarismo tomem o mesmo caminho nas eleições deste ano, por conta do aumento do descrédito em torno de lideranças evangélicas. Mesmo os que condenam a pastorada corrupta, mas continuam a usar o mesmo discurso agressivo e desrespeitoso e antidemocrático, marca de Bolsonaro, a quem apoiam. Exemplo de comportamento desse tipo foi a agressão registrado nessa quarta-feira na Câmara de Vitória, mais uma vez, quando a vereadora Karla Coser foi destratada por colegas bolsonaristas ao abordar o caso do aborto de uma criança grávida, vítima de estupro, negado pela Justiça.

Nesse cenário, agravado com a crise na economia, o aumento da fome e da miséria entre as camadas mais pobres da população, Bolsonaro luta para manter o percentual de cerca de 30% do eleitorado, segundo as pesquisas, garantido, em sua maioria, na camada evangélica, por força de uma visão fixada, unicamente, em textos bíblicos usados para alimentar a desinformação, na rede de fake news com conteúdo bíblico distorcido e descontextualizado.

As prisões dos pastores, apesar de relaxadas nesta quinta-feira (23), não deixam de formar um quadro muito ruim para o presidente e seus seguidores, e nem o medo que ele tenta passar ao flertar com um golpe autoritário apresenta boas perspectivas. A população está acordando e, sem qualquer dúvida, sepultará, pelo voto, toda manifestação fascista. 
São falsos profetas e mentem quando dizem que agem em nome de Deus, porque suas ações resultam em ganhos e favorecimento de interesses privados, movidos pela ganância e a usura. Ignoram o alerta de textos bíblicos, como I Timóteo 6:6-8:

“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.

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