Para uma análise mais verdadeira, no entanto, é preciso retornar a um passado recente, a 2013, período que marca o início do movimento golpista que tiraria Dilma Rousseff do poder e criaria todas as condições favoráveis para colocar na Presidência da República uma figura tão abjeta como Bolsonaro. Um foco mais apurado certamente irá mostrar, naquele ano, Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, do PSDB, na vanguarda da orquestração comandada pelo capital financeiro para bagunçar o país, possibilitando a tomada do pré-sal por corporações estrangeiras, a adequação da política de preços dos combustíveis ao mercado internacional e a desindustrialização do país.
E não é só isso: a partir do governo Temer (MDB), inaugura-se o período de sujeição total aos projetos do império estadunidense, inserindo o país na vergonhosa relação de estados associados, como a inexpressiva Costa Rica, no Caribe, em enorme prejuízo à nossa soberania, cujo preço já aparece para ser pago pela população, como sempre a mais pobre, com a maior dose de sofrimento. Um desastre, cuja responsabilidade não é só de Bolsonaro, porque ele não chegou onde está pelos seus méritos.
Foi o escolhido pelo mercado financeiro, entre tantos inseridos nas camadas mais apodrecidas da política nacional, para desempenhar o papel de presidente. Inflado por muitos dos que agora se juntam para derrubá-lo, por ter ultrapassado todas as medidas de razoabilidade, bom senso e caráter.
PSDB, DEM e MDB já se movimentam para garantir a sua derrota, caso nenhum ato tresloucado ocorra antes das eleições de 2022. A guerra iniciada pelos golpistas de 2013 quer a derrubada de Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, mira com força o ex-presidente Lula. Para eles, este não pode ganhar.
E enquanto o ministro da economia, o também incompetente Paulo Guedes, faz deboche sobre o encarecimento da energia, e Jair Bolsonaro vê encolher mais e mais suas pretensões de reeleição em 2022 e sente a possibilidade de indiciamento da CPI da Covid chegar mais perto, busca demonstrar força, em clima de golpe militar, convocando seguidores para manifestações em 7 de setembro, o Dia da Pátria. Comete crime de responsabilidade ao ameaçar instituições e alvoroçar corporações policiais para insubordinação.
O Brasil despenca pelo abismo levado por lideranças políticas, religiosas e outros tipos de influenciadores sociais fascistas, retrógados e negacionistas, manipuladores de parte da sociedade e responsáveis por uma situação de perdas irreparáveis, que irá nos custar muito, em tempo, dinheiro e, principalmente, o resgate moral, a fim de que seja alcançada uma democracia plena.
Para que isso aconteça, no entanto, a oposição necessita empunhar outras bandeiras de luta, abandonando os chavões e as discussões em redes sociais, passando a exercer uma visão macro de questões que, realmente, interessam à sociedade e por meio das quais ele perderá o poder. Discussões estéreis servem apenas para alimentar o gado bolsonarista, sem qualquer resultado prático.
Bolsonaro é o alvo principal, e assim deve ser, mas ele não está só. Há muito bolsonarista que continuam agindo discretamente ou até mesmo infiltrado até mesmo em movimos de esquerda. A Prefeitura de Vitória e a Assembleia Legislativa são exemplos dessa prática. No meio religioso, então, esse procedimento alcança grande número de pessoas, enganadas com a falsa piedade. Pura malignidade, praticada em nome de Deus.