Resultado das eleições não definirá apenas o próximo governo, mas sim um projeto de sociedade
A sociedade brasileira se encontra em uma encruzilhada, em que a escolha de um dos caminhos pode nos levar a um período de paz, liberdade e desenvolvimento social, para continuar nosso processo lento e gradual da busca de equilíbrio entre nossa população, ou um caminho de aprofundamento das crises sociais, desigualdades econômicas e agressões ao meio ambiente.
A democracia e a cidadania responsável nos cobram uma participação e um posicionamento claro e objetivo sobre a forma de funcionamento da nossa sociedade, e é nosso dever e obrigação construir um projeto de nação de curto, médio e longo prazo, com justiça e equilíbrio entre as igualdades para os seus cidadãos.
Do ponto de vista do curto prazo, temos o segundo turno das eleições, neste domingo (30), quando o resultado democrático e soberano do povo não definirá apenas o próximo governo para um mandato de quatro anos, mas sim qual projeto de sociedade queremos seguir.
Consciente ou não, o desejo e o interesse de um povo é pertencer a uma nação admirada pela sua democracia e sua capacidade de proporcionar dias melhores e alimentar sonhos de realização social e econômica para seus habitantes.
Neste momento de escolhas, precisamos nos posicionar entre os projetos diferentes de sociedade em debate e ter clareza do que cada um representa para o nosso presente e futuro dos nossos.
A escolha de alguém para nos representar deve ser de acordo com o que queremos para a nossa sociedade. Precisamos de um projeto com uma liderança com capacidade para combater a violência, defender a liberdade democrática e construir diálogos e pontes para que nosso povo possa desenvolver-se e ser feliz.
Diante desta encruzilhada, precisamos abandonar os caminhos das rupturas institucionais e seguir o do respeito democrático e construir um ambiente de convergência para o respeito ao estado democrático de direito. Como vimos, no decorrer do processo eleitoral, com o exemplo da união de mais de um milhão de brasileiros na assinatura da carta manifesto em prol da democracia na Faculdade de Direito da USP, que contou com a adesão de dezenas de entidades e instituições, num sentimento coletivo de amor ao nosso país, ao seu povo e as suas instituições democráticas.
Para avançarmos rumo a uma sociedade melhor para todos, é necessário aceitarmos com serenidade as diferenças de propostas dos que estão unidos na defesa da democracia, do respeito ao próximo, e num projeto de construção permanente de uma sociedade melhor.
Precisamos construir um pacto e um ambiente de estabilidade, reconhecendo e respeitando as diferenças e as divergências individuais dentro de um projeto maior de sociedade e de enfrentamento à barbárie e ao retrocesso civilizatório.
Construir pontes e diálogos entre as mais diferentes lideranças comprometidas com nosso povo e sua evolução, é indispensável para o nosso desenvolvimento humano com inclusão social e econômica da maioria.
A maioria do nosso povo entende a necessidade da convergência num projeto de sociedade, pois as pessoas comprometidas com uma cidadania democrática e responsável, percebem que nossa sociedade não aguenta mais retrocessos políticos, sociais e econômico.
Todos nós e as principais e diversas lideranças, comprometidas com a evolução de nosso povo, precisam se colocar ao lado de um projeto que garanta a sobrevivência da nossa frágil democracia, pois há momentos que é necessário passar por cima das diferenças menores para enfrentar o mal maior que é a fome, o desemprego, a desvalorização do salário e a redução do poder de compra, o aumento das agressões ao meio ambiente, e o aumento da discriminação social e do racismo.
Por estes e tantos outros motivos de retrocessos, é nosso dever nos posicionarmos e sairmos de nossas bolhas, e com muita esperança, contribuir para devolver a sociedade, a democracia, o desenvolvimento, a prosperidade, a solidariedade e a justiça social.
Precisamos enfrentar todo sentimento de ódio e trazer para o nosso povo um sentimento de esperança, superar o medo, participar com ousadia e determinação das disputas de projetos, para viabilizar um projeto democrático com participação popular, para construirmos uma sociedade onde haja respeito às diferenças e valorização do ser humano, para construirmos a sociedade que merecemos e que só será construída com a nossa participação democrática e vigorosa, para vivermos sem medo, com segurança e paz, no presente e num longo futuro.
Não é simples nem fácil, mas precisamos enfrentar as encruzilhadas da vida com coragem e determinação, para fazermos as escolhas de nossos representantes de acordo com nossos desejos e interesses e, depois, com nossa participação efetiva acompanharmos e fiscalizarmos para que nossos representantes escolhidos democraticamente, cumpram o seu papel, para nos representar em nossos desejos, interesses e necessidades.
Melhor fazermos escolhas difíceis na vida, do que não termos a oportunidade nem o direito de escolher. Escolher um caminho é necessariamente abandonar outros. Que viva e se fortaleça sempre a nossa frágil democracia.