O Natal e suas ilusões
O Halloween já vai longe e os chamados scary movies, muito populares no mês de outubro, deram a vez aos filmes natalinos, com muita neve, abundância de vermelhos e extensiva decoração pisca-picando em todas as portas e janelas. Presépio? Unzinho aqui, outro lá. Quem se lembra de presentear o aniversariante?
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A variedade de filmes natalinos cresce a cada ano. Vasto é o mundo, e temos Natal em Paris, na Irlanda, na Escócia, na Noruega, no Polo Norte, em Nothing Hill, em Heidelberg, na Christmas Ilha, que de fato tem esse nome, e muitos outros locais mundo a fora. Natal com fantasma, Natal com volta no tempo, Natal do boneco de neve que ganha vida… Se tiver castelo, melhor ainda, e castelos não faltam na velha Europa. Quem diria, o Natal americano está ressuscitando a enferrujada monarquia!
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Tem quem ame e não perca nenhum deles (nas telinhas até 31 de dezembro). Tem quem odeie, mas assiste porque é minoria no grupo, sem direito a voto. Apesar das variações geográficas, a fórmula deu certo e se repete ad infinitum. Quando tudo sai errado no mundo real – perdeu o emprego ou o romance foi pra escanteio – o herói ou heroína volta para o lugar que abandonou sonhando vencer na vida. E será no porto seguro da terra natal que vai reencontrar o mundo irreal onde tudo deu certo para todos. E onde o Natal é sempre perfeito!
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Onde nunca falta um Papai Noel ou Father Christmas, Santa Claus ou Klaus, Santa Clós ou São Nicolau, o Bom Velhinho. Com as renas e um séquito de elfes, pelo menos na decoração. Onde todos se cumprimentam e se ajudam nas dificuldades, e onde os romances antes desprezados terão seu final feliz. Não vi nenhum filme em que no final o visitante arruma as malas e faz a viagem de volta: recupera o emprego perdido, a promoção negada, ou o amor arrependido.
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A rainha absoluta dos filmes natalinos é a Hallmark, a empresa dos cartões de felicitações, seja aniversário ou pêsames. Inventou a fórmula, deu certo, e todos estão copiando. São filmes ‘bem comportados’ – sem violência, crimes, palavrões. Sem cenas de sexo explícito ou atrás das cortinas. Se alguém teve que morrer, geralmernte o pai, foi antes do filme começar. No final todos estão sorrindo. Quanto às belas nevascas, não se iluda, são flocos de isopor. Não tóxico!
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Quantas vezes desejamos um Feliz Natal para pessoas que nunca cumprimentamos durante o ano? Por que enfeitar a porta se no resto do ano as plantas morrem de sede? Janeiro é o mês do remorso – gastei demais e rezei de menos; dei presente a quem não me presenteou; esqueci de quem eu mais devia favores; por que comprei aquelas gigantescas renas de plástico que não tenho onde guardar? Melhor filme de Natal? Como o gringe roubou os próximos quatro anos!
