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Covid-19 e o nascimento de um Novo Tempo

Temos que deixar morrer tudo aquilo que é atividade econômica não essencial voltada para o consumismo

A Covid-19, como outras doenças que estavam controladas e retornaram, entre elas a febre amarela, a dengue, a zika e outras derivadas do “roubo da natureza”, assim como o “roubo do trabalho” a nós ensinados por Karl Marx há mais de 200 anos, demonstram como tais elementos proporcionam a “reprodução do capital, a mais valia”, enfim, os lucros bilionários.

São doenças relacionadas, como há tempos renomados cientistas advertem, da destruição dos ecossistemas, dos biomas naturais, onde a biodiversidade mantinha o equilíbrio entre as espécies, tanto na terra quanto nos oceanos.

Com o acelerado processo de destruição do último grande bioma, o da Amazônia, intensificado nos últimos dois anos, derivado também da destruição do Sistema Nacional do Meio Ambiente, os estudos demonstram, que cada vez menos o bioma consegue cumprir suas funções e que muitas doenças ainda poderão surgir, outras reaparecerão, em razão da enorme perturbação de todo tipo de vida e a liberação de milhões de micro-organismos, com o desmatamento, as queimadas, o garimpo, etc.

A problemática da Emergência Climática acirrará ainda mais um cenário de intensa agressão e degradação pelo desmatamento em larga escala e das queimadas, pois a floresta já não consegue mais sequer sequestrar carbono como poderia, entre outros serviços ambientais que propicia, de tão degradada que está. Cientistas falam em “ponto de não retorno” e a “Savanização” da Amazônia.

Portanto, a Covid-19 não é a responsável pela crise econômica, lembram do “pibinho”, do Bangangster Paulo Guedes? Seja pela queda contínua com ampla desvalorização das ações, negociadas nas Bolsas de Valores, Bovespa dentro com uma das maiores quedas, e contínua depreciação do real, ou seja, são “políticas” que são cíclicas e servem, inclusive, para com muito dinheiro público manter o Modo de Produção e de Consumo Capitalista vivo.

Penso que devemos impedir que isso ocorra, novamente na pior crise ocorrida na História, superando inclusive a crise, a quebra de 1929.

Temos que deixar morrer tudo aquilo que é atividade econômica não essencial voltada para o consumismo. Parar de produzir coisas inúteis, que em pouco tempo acabem virando “lixo, principalmente o lixo eletrônico rico em metais pesados”. Pensar em produzir o essencial para a vida humana e de forma que em primeiro venha a sustentabilidade do produto e não o lucro.

Aproveitar a oportunidade histórica para construirmos um mundo mais solidário, baseado na economia socialista, de base solidária, cuja matriz energética tenha como base a produção de energias renováveis, como a solar, eólica, da biomassa, maré motriz na recuperação da natureza; com o reflorestamento de espécies nativas; na produção de alimentos na agricultura familiar, no sistema agroflorestal, no fim dos agrotóxicos, fertilizantes químicos; no fim do agronegócio monocultor de larga escala, produtor de commodities e não de comida, exportando 130 trilhões de litros de água por ano embutida nas commodities, agrícolas, minerais e florestais.

Enfim, pôr fim ao consumismo das coisas inúteis, produzir alimentos e não commodities. Colocar em prática as recomendações da “Carta de Joanesburgo” de abril de 2008, que sintetizou a Conferência dos Cientistas do Clima e da Agricultura – IAASTD, que preconiza a “produção de alimentos no Território, para consumo no próprio Território”.

Sobraram muito poucos recursos naturais, sobretudo a água, após mais de 500 anos de exploração capitalista contínua de “roubo da natureza”, e não podemos mais permitir que tão parcos recursos sejam utilizados exclusivamente e prioritariamente para reprodução do capital.

Junto, com as muitas pessoas idosas e não idosas que morrerão, agora na pandemia da Covid-19, sobretudo no mundo pobre onde se insere o Brasil, é hora do velho capitalismo morrer, para nascer um modelo cuja base seja o socialismo, a solidariedade, o respeito, a responsabilidade com os recursos naturais que restaram, com a biodiversidade terrestre e marinha que restou.

Criar um sistema monetário internacional voltado para a diminuição das desigualdades regionais entre as nações, garantindo aos mais pobres acesso a condições dignas de vida, como ainda à Ciência e a Tecnologia, para melhorar as condições de vida e não de consumo de produtos supérfluos.

Socialismo ou barbárie, nunca foi tão atual.

José Marques Porto é bacharel com Licenciatura Plena em Ciências Políticas e Sociais e especialista em Administração e Planejamento Público e em Planejamento e Gerência de Operações Logísticas e Comércio Internacional.

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