Um dos pontos que mais chama a atenção na entrevista do governador Paulo Hartung (PMDB) ao jornal A Tribuna desse domingo (3) é o seu ponto de vista acerca do enfraquecimento dos partidos. Ao falar sobre a ação do PMDB – que, aliás, é uma questão à parte na conjuntura nacional há anos – o governador afirma que a estrutura partidária ruiu, que precisa ser reinventada. Para ele, “os partidos se tornaram cartório de registro de candidaturas”.
É verdade, neste período de filiações partidárias observou-se muito dessa dança de cadeiras em busca da melhor acomodação para o processo eleitoral. Mas o que chama a atenção é que a crítica vem de uma liderança política que muito se utilizou dessa dinâmica partidária para construir sua trajetória política. Oriundo do MDB, Hartung já passou por PMDB, PTB, PSDB, PSB e retornou ao PMDB, quando disputou a reeleição em 2006.
Mas o fato de ter passado por tantos partidos, pelos quais nem sempre deixou amigos, não fez com que Hartung se apegasse a qualquer ideologia partidária, diferentemente de lideranças que têm uma identificação forte com suas agremiações como o deputado federal Sérgio Vidigal e o PDT ou o seu principal desafeto político, Renato Casagrande e o PSB.
Hartung desde sua ascensão ao governo investiu em uma política de grupos, em que atrai lideranças e as movimenta de acordo com o interesse do grupo. O governador critica a dinâmica eleitoral que exige a filiação para a disputa, mas neste processo eleitoral de 2016 podemos ver claramente os aliados do governador serem movidos pelos partidos como peças em um jogo de xadrez.
É emblemático o episodia na disputa pela prefeitura de Vitória em 2008, quando Ricardo Ferraço, seu então vice, foi convidado a se retirar do PSDB por ter feito campanha para o então candidato do PT, João Coser. Ferraço era a presença palaciana no palanque petista, mesmo estando o ninho tucano na campanha de Luciano Rezende (PPS).
Hoje, o candidato do PMDB à prefeitura de Vitória é Lelo Coimbra, mas está entregue à própria sorte, porque Hartung não tem interesse em ajudar a eleger um correligionário e sim em derrotar um adversário de seu grupo: Luciano Rezende.
Fragmentos:
1 – O deputado estadual Edson Magalhães (PSD) apresentou projeto que exige ao menos 16 votos favoráveis para supressão da Fase das Comunicações da sessão ordinária, e não somente a maioria simples.
2 – Tem se tornado frequente na Assembleia a supressão deste horário, em que os deputados podem passar seus recados para a sociedade, o que em ano eleitoral se torna imprescindível. Sem o horário das comunicações, os deputados ficam submetidos apenas ao horário das lideranças e a fila é longa.
3 – Enquanto o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), participava do Congo de Máscaras em Roda D’água, Cariacica, o prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM) queria distancia da Festa da Penha.