Enquanto a classe política mantém o foco permanente no escândalo da Petrobras, o Congresso Nacional faz uma discussão muito importante que afeta o modelo político brasileiro e pode trazer mudanças drásticas para o processo eleitoral dos próximos anos.
Um dos temas que precisa ser acompanhado com muita atenção pelo eleitor é a discussão em torno da reforma política. A maioria dos congressistas é favorável ao regime misto de doações. O PMDB quer financiador exclusivo para os partidos. No meio da discussão, houve o aumento do repasse do fundo partidário.
Esse último item parece interessante neste momento porque além de aumentar a verba dos partidos, pode acabar misturando as coisas, colocando a população contra o financiamento público de campanha, uma brecha para continuar tudo como está.
No Espírito Santo, a população começa a sentir o efeito nefasto dessa prática de manobras em cima de manobras para a criação da CPI do Pó Preto. O lobby da empresa Vale barrou as apurações sobre sua responsabilidade e de outras poluidoras nos problemas de saúde da população da Grande Vitória e com a poluição atmosférica na região.
Os contratos com empreiteiras no governo que se diz sem dinheiro estão a todo vapor. Empreiteiras, que diga-se de passagem, financiaram a campanha do atual governo. As que financiaram o governo anterior já se foram, provavelmente para estados onde seus candidatos venceram a eleição.
A ideia do PMDB de evitar que empresas transformem candidatos em peões para apostar, colocando verbas em todos para não perder nunca, pode até ser interessante, mas o modelo ideal é do financiamento público, que diminui a desigualdade das campanhas e evita práticas de corrupção mais tarde.
É claro que isso vai exigir da classe política uma forma diferente de chegar ao eleitor. Sem as campanhas milionárias, os candidatos vão ter de sair do estúdio e borrar a maquiagem. Quem sabe, no contato mais direto com o eleitor, não haja uma seleção melhor dos representantes do povo.