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Desacostumados

As eleições ao governo do Estado e ao Senado no Espírito Santo chamam atenção não pelas propostas dos candidatos para os cargos que disputam, mas pela total esquizofrenia do cenário. Candidatos que perderam a linha e partiram para o ataque pessoal, candidato que fala, fala e não diz nada, uma enxurrada de ações na Justiça Eleitoral, e debate político mesmo, pouco se viu.
 
Chegando à última semana da disputa, a eleição no Espírito Santo tomou um rumo que não se esperava. A situação na disputa ao Senado se transformou em uma novela com capítulos diários de enfrentamentos judiciais e trocas de farpas de todos os lados.
 
Na polarizada disputa ao governo do Estado, a situação também não é boa. Um se faz de vítima e ataca pelos bastidores e o outro vai pra cima, mas não consegue ser incisivo o suficiente para atingir o alvo. Enquanto isso, o eleitor se afasta cada vez mais do processo eleitoral. Não sabe nem qual candidato ao Senado é ligado a qual candidato ao governo. Um cenário preocupante. 
 
Toda essa situação caótica é fruto do processo de unanimidade que reinou no Espírito Santo na última década. Desacostumados ao processo natural e democrático do debate, os candidatos estão perdidos. Nos anos anteriores, as candidaturas alternativas ao palanque palaciano eram protocolares e as de oposição, dos partidos de esquerda, não tinham tempo nem estrutura para fazer frente ao poder da máquina.
 
Hoje há dois palanques que se enfrentam dentro do mesmo projeto para  governo do Estado. Para fazer embate, eles tentam comparar perfis, mas tudo tem um limite, basta ver as prestações de contas de ambos. Fazer uma comparação em um estado em que a política de grupos dominou durante tanto tempo, deixando o eleitor com uma única opção na urna, é um difícil desafio. 
 
Se nas campanhas majoritárias a situação é difícil, na proporcional ainda mais. A profusão de candidatos e a rejeição da população à classe política levam a uma perigosa peneira que pode colocar no poder gente com ideias reacionárias e que pouco irão contribuir para o desenvolvimento do Espírito Santo seja na Assembleia, seja na Câmara dos Deputados. 
 
O saldo até aqui das eleições 2014 é negativo. Independentemente de quem vença o pleito e pelo andar da carruagem, não será no próximo governo que a situação vai melhorar.  

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